Nascida em Portugal, Inês é uma artista de movimento, coreógrafa e diretora criativa que, desde 2020, reside em Londres, no Reino Unido. Determinada a expandir os seus horizontes nesta capital cultural do mundo, procura incessantemente o crescimento artístico, maiores oportunidades e conexões com outros artistas e influências no vasto universo das artes. Além de procurar progressão na sua carreira como artista, aspira compartilhar o seu trabalho criativo com o mundo.
Como intérprete, colaborou com uma ampla variedade de clientes, artistas musicais, marcas comerciais e grandes eventos, enriquecendo a sua carreira com uma extensa experiência na indústria da performance. Como artista criativa, concentra-se na perspectiva visual e nos detalhes que definem o movimento, tornando-o único e cativante. Inicialmente, a artista desenvolveu o seu próprio trabalho coreográfico com o objetivo de ensinar, mas rapidamente essa jornada despertou uma paixão por dar vida a novas ideias, levando-a a reinventar-se a cada momento criativo. Inês está dedicada a ultrapassar os limites do que é possível na dança e na performance, sempre em busca de novos desafios, ideias e formatos nunca antes explorados.
Com mais de 12 anos de experiência na área da dança, Inês continua a explorar novas formas e perspectivas artísticas de expressão emocional e visual através de seus “concept videos”, que tem vindo a desenvolver há alguns anos. O seu principal foco artístico é explorar as dimensões visuais e sensoriais da dança e do movimento, bem como suas diversas formas de expressão em diferentes estilos de dança. A artista aprimorou a sua experiência com foco principal na vibrante cultura das danças de rua.
Fotografia: Amy Cook @amycook_photography
Como tudo começou?
O meu percurso artístico foi uma jornada diversificada que experimentou várias formas de expressão. Além da dança, explorei outras disciplinas. Inicialmente, mergulhei no mundo do ballet clássico quando tinha 5 anos, depois, a minha curiosidade artística levou-me a explorar novos horizontes, incluindo a música. Cheguei a aprender instrumentos como piano, guitarra e até mesmo bateria, uma paixão que ainda cultivo casualmente até hoje. As minhas ambições artísticas foram amplas e variadas desde o início. Sonhei em ser cantora e até mesmo em seguir uma carreira como artista plástica durante os meus estudos em artes visuais no ensino secundário. No entanto, foi por volta dos 15/16 anos que descobri a minha verdadeira paixão e vocação. Foi nesse momento que dei os primeiros passos no mundo da dança, iniciando aulas com algumas amigas que já praticavam e percebi desde então que esta era a forma de arte que realmente me completava e me cativava.
Porquê as danças de rua como principal escolha de especialização?
Todos os estilos de dança têm uma origem e técnicas bastante ricas, experimentei um amplo espectro dos mesmos desde a dança clássica, jazz e contemporâneo – com os quais iniciei o meu treino – para depois começar a arriscar participar nas aulas de HipHop e outros estilos de danças de rua como Popping, Locking, House, Breaking entre outros. Apaixonei-me absolutamente pela abordagem destas áreas, senti-me inspirada e motivada para aprender tudo o que envolve estes estilos de movimento, expressão bem como a expansão da sua cultura e a sua história. São áreas verdadeiramente interessantes não apenas pela sua abordagem criativa e artística mas principalmente pelas suas origens culturais, história social e política ao longo dos últimos 50/60 anos.
Senti também que estes estilos estavam ainda numa fase de crescimento e desenvolvimento em Portugal, embora já houvesse pelo menos 1 ou 2 gerações de bailarinos de danças de rua no país, eram ainda poucos para poder espalhar amplamente a mensagem, informação e credibilidade destes estilos. Num primeiro impacto com a dança, tive a honra de aprender com grandes referencias portuguesas destas áreas, quis também visitar outros países e aprender com outros artistas e professores pois o meu interesse pelo Street Dance estava a crescer – viajei por cidades como Paris, Londres, Estocolmo, Copenhaga, Nova Iorque, Los Angeles, entre outras – onde encontrei mais conhecimento e aprendi com grandes referencias, especialistas e criadores destes estilos. Estas viagem ajudaram-me a aprimorar o meu conhecimento técnico e teórico e, simultaneamente a aperceber-me do quão estamos a passar a mensagem corretamente em Portugal. Ao fim de contas as danças de rua são essencialmente danças sociais e, por isso, a criação de uma comunidade que age como transporte desta informação, conhecimento e cultura é essencial para a partilha de informação correcta e continuidade e sobrevivência destes estilos de movimento.
Inês em evento de Street Dance em 2015 a competir na categoria de Popping
(Sem referencia fotográfica)
Algum projecto ou performance que tenha sido especialmente significante?
Houve alguns momentos referência para mim que me trouxeram um enorme grau de satisfação, sentido de disciplina e cumprimento de objectivos, para salientar o que foi possivelmente o mais marcante: foi em 2018 e tinham passado cerca de 6 anos desde que assisti pela primeira vez a uma crew (grupo de danças de rua) a actuar no palco Street Dance do Rock In Rio, o nome desta companhia era Jukebox Crew – este grupo actuava diariamente no festival e faziam cerca de 3 actuações por dia. Antes disto, nunca tinha assistido a nenhuma equipa portuguesa a criar um show com base em estilos de street dance, ainda para mais num festival tão conhecido – foi este momento que para mim definiu qual era a minha direcção principal como bailarina e que queria fazer parte do mesmo tipo de espetáculo um dia. Depois de ingressar em aulas com elementos pertencentes a esta companhia e criar óptimas ligações acabei por ser convidada pelo líder do grupo, Vasco Alves, a entrar na equipa principal. Foi assim que em 2018 acabei por fazer parte do mesmo show residente no palco street dance do Rock In Rio Lisboa e senti como que um “full circle moment” em que realizei um dos muitos objectivos que criei desde que comecei a dançar.
Jukebox Crew | Palco Street Dance Rock In Rio Lisboa 2018
Fotografia: Catarina Lima @catarinamlima
Processo criativo/procura de inspiração:
Como qualquer outra capacidade, a criatividade é algo que se desenvolve com prática, tempo, paciência e maturidade. Recordo que quando decidi começar a desenvolver as minhas próprias criações não gostava nada do resultado e ainda hoje, bastantes vezes não sou a minha maior fã. Acredito que bastantes artistas se conseguem rever nesta afirmação, visto que um ser criativo é naturalmente crítico e usualmente perfeccionista. Ao longo dos anos experimentei pôr algumas ideias conceptuais em prática não só com o objetivo de leccionar a disciplina coreográfica dentro da minha área, mas também com a ambição de desenvolver trabalho coreográfico em formato de video. Desta vontade resultaram alguns videos conceptuais (individuais ou com colaboração/participação de outros artistas). Estes estão disponíveis para visualização através do meu website ou Canal de Youtube – em referência no final deste artigo.
Screenshots de Videos conceptuais dirigidos por Inês Duarte
Bailarinas: Raquel Fiúza / Annija Raibekaze
Filmagem e edição de Liam Almeida @liam__studio
Criatividade e inspiração podem ter qualquer tipo de origem, do mais simples ao mais complexo, de um lugar onde se planeia capturar algumas fotos por ser esteticamente apelativo durante as férias até ao impressionante enredo e perspectivas de filmagem de uma obra prima cinematográfica, por exemplo. Pessoalmente tenho estado bastante conectada e inspirada com moda, cores, natureza, fotografia e composição fotográfica, tenho transferido esta expressão para as minhas criações seja em formato de fotografia ou video.
Acredito que a dança pode ser das áreas mais interessantes e completas dentro da área artística, ao longo da minha jornada profissional encontrei-me em variadas situações em que simplesmente tive de aprender a fazer o meu próprio management como freelancer (desde contabilidade a comunicação com clientes), ser a minha própria secretária e promotora, criar o marketing de todas as minhas plataformas de partilha e de social media, desenhar um website de raiz, fazer o styling para as minhas fotografias para agências ou para outros propósitos como videos conceptuais, dirigir ou até muitas vezes assumir a posição de videografia do projecto, para nomear algumas. Estas necessidades de aprendizagem trazem consigo bastantes benefícios, entre eles, o crescimento, aumento de capacidades e ganho de ferramentas de resolução de problemas e de encontrar recursos onde eles não existem – a beleza da arte é a forma como se entrelaça entre todos os seus ramos e nos deixa encontrar soluções onde antes não havia possibilidades e eu acredito profundamente que não há limitações para a arte e que não precisamos de ser apenas um bailarino…
Fotografia: Mafalda Ratola @mechanicaldevil
Objectivos e projectos futuros:
Entre os meus grandes objectivos de momento está a criação de um short film, tenho esta ideia em mente já há algum tempo e estou a juntar recursos e a fazer o plano criativo/story board de todo o projecto. Outro grande projecto em que estou neste momento a investir é na minha mudança de país, se tudo correr bem, irei em breve mudar-me novamente mas desta vez para uma zona mais quente do que Londres. Todos sabemos que quem cresceu com o sol de Portugal nunca se vai habituar muito ao tempo frio do Reino Unido e, por isso, decidi mudar-me para o lado quase oposto do planeta. Quando o momento chegar, irei finalmente revelar nas minhas redes sociais, até lá vou apenas deixar algum suspense.
Fotografia: Sofia Tomic @all.so.visuals
Fotografias de:
Amy Cook @amycook_photography
Catarina Lima @catarinamlima
Mafalda Ratola @mechanicaldevil
Sofia Tomic @all.so.visuals
Canal de Youtube: @inestavaresduarte4095 Instagram: @inesduartee_
Website: www.inestavaresduarte.com
Contactos: inesduarte.work@gmail.com Origem: Lisboa, Portugal
Residente: Londres, Inglaterra