A Filmin estreia em exclusivo a 14 de Março, o cinema de Rogério Sganzerla , realizador do filme O Bandido da Luz Vermelha considerado o ícone do cinema marginal brasileiro que tornou-se de culto mundialmente.
Rogério Sganzerla é considerado o ícone do cinema marginal. Fundou, com Júlio Bressane, a Belair, produtora que na década de 70 soou como um dos mais fortes gritos de revolta estética no cinema brasileiro.
Os filmes de Rogério têm ainda a actriz Helena Ignez, figura de destaque na cultura brasileira. Integrou inúmeros movimentos de vanguarda e é chamada de MUSA DO CINEMA NOVO. Na realização, enveredou por um cinema que incorpora os códigos do teatro performativo para construir um trabalho político de enorme liberdade.
Destaque para O Bandido da Luz Vermelha, marcado pela violência crua e reverenciado pelo seu radicalismo, este é um dos mais importantes clássicos de culto do cinema brasileiro. A história de um famoso criminoso brasileiro, chamado de O Bandido da Luz Vermelha por usar sempre uma lanterna vermelha para invadir casas à noite. Uma fusão de elementos de faroeste, musical, documentário, policial, comédia e até ficção científica. Uma obra ousada e fora-da-lei inspirada nos crimes do famoso assaltante João Acácio Pereira da Costa.
Copacabana Mon Amour, com a banda sonora tropical de Gilberto Gil, somos conduzidos por entre as vielas e becos do emblemático bairro carioca. Sônia Silk trabalha como prostituta e aspira a ser cantora da Rádio Nacional. De tanto ouvir a mãe dizer que é possuída pelo demónio, Sônia procura quebrar o feitiço. Capturando a essência do submundo de Copacabana, misturando elementos da chanchada – a comédia musical popular brasileira – com a estética experimental e provocadora de Rogério Sganzerla, é uma das obras mais livres do cinema brasileiro.
Interpretado por Jorge Loredo Sem essa, Aranha, é uma peça fundamental do cinema brasileiro, a terceira longa-metragem de Sganzerla destaca-se pela inventividade e pela sua audácia estética, ao retratar o Brasil de forma radical e sem concessões aos modelos cinematográficos convencionais. Ameaçado de prisão, o realizador viu-se obrigado a fugir apressadamente para Paris, levando consigo o negativo desta comédia negra que satiriza a elite brasileira.
No Nem Tudo é Verdade, apresenta uma narrativa imaginária sobre a estadia real de Orson Welles no Brasil, durante a qual deveria realizar um filme cultural intitulado “It’s All True”, com o objetivo de retratar uma perspectiva favorável do povo brasileiro e da magnitude do país para o governo dos Estados Unidos, no âmbito da” Política da Boa Vizinhança”. No entanto, Welles deixou-se fascinar pelo ambiente ao seu redor e desviou-se do projeto original, que jamais viu a luz do dia.
Na última obra de Sganzerla, O Signo do Caos, o material do filme inacabado de “It’s All True” de Orson Welles tem de passar pelo serviço de censura do governo brasileiro, na pessoa do Dr. Amnésio. Elaborando uma parábola sobre a liberdade de expressão, através de uma trama policial que evoca o film noir, O Signo do Caos é a derradeira obra do cineasta brasileiro que melhor representou o Cinema Marginal. Filmado em 16mm e 35mm, misturando imagens a preto e branco e coloridas, e combinando filmagens novas com material de arquivo, Sganzerla oferece-nos uma obra que oscila entre a devoção e a crítica em relação ao seu país.
Na última edição do Festival de Locarno, Rogério Sganzerla (1946-2004) estiveram presentes na mostra Histoire(s) du Cinéma, dedicada a mestres da história do cinema mundial, sendo o único cineasta latino-americano junto a filmes de diretores consagrados como Alfred Hitchcook, Jean-Luc Godard, Ridley Scott, entre outros.
Fonte: Filmin