Carlos Vilardebó (1926-2019) ocupa um estranho lugar na História do Cinema Novo Português: não pertencendo ao grupo Vavá/Ribadouro, não vivendo em Portugal e mal falando português, é convidado por António da Cunha Telles para realizar uma das suas primeiras “produções”, logo depois das estreias de Paulo Rocha e Fernando Lopes, e antes mesmo das rodagens das primeiras longas de Manuel Faria de Almeida ou António de Macedo. Essa “produção Cunha Telles” seria As Ilhas Encantadas, primeira e última longa-metragem do realizador que regressaria, pouco depois, a França e se especializaria nos “films d’art”. (…)
Conhecido como “mestre dos filmes de arte”, em particular pela sua colaboração com o escultor Alexander Calder, com quem realizou três filmes (Le Cirque de Calder, 1961, MOBILES, 1968, Les Gouaches de Sandy, 1973), Vilardebó desenvolve uma extensíssima filmografia entre meados dos anos 1950 e inícios dos anos 1980. (…)
O ciclo “Carlos Vilardebó – O Intruso do Cinema Novo” é composto integralmente por títulos cuja exibição se dá pela primeira vez na Cinemateca, incluindo a versão francesa de As Ilhas Encantadas (versão oito minutos mais curta que a original) e completa-se em março com uma sessão no âmbito da Cinemateca Júnior. Este Ciclo realiza-se na sequência da digitalização de As Ilhas Encantadas no âmbito do projeto FILMar, acompanhando a estreia da nova cópia digital nas salas portuguesas após a apresentação do filme no Festival Lumière em Lyon em novembro passado. O Ciclo dialoga ainda com a exposição “Augusto Cabrita: O Olhar Encantado” (18 de fevereiro a 20 de abril, Biblioteca de Marvila) e será seguido pela publicação de um número dos Cadernos da Cinemateca dedicado ao trabalho do realizador, ambas as atividades são realizadas no âmbito do projeto FILMar. (Cinemateca Portuguesa)
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