Alexandre Herculano, romântico escritor português, chama “livro de pedra” aos monumentos que nas suas construções, acrescentos ou cicatrizes, contavam a história dos homens, de um país e de quem os habitou.
Enorme livro físico de memórias é igualmente a casa nobre portuguesa, idêntica contadora de histórias de um quotidiano doméstico gravado na sua construção, em cada objecto ou em cada detalhe decorativo. Remontam ao século XII e ao início da nacionalidade as primeiras casas-torre que salpicam o Norte e recordam os limites do românico Condado Portucalense e da primeira dinastia de Borgonha (da homónima região francesa) de onde procedeu Portugal. A origem destas construções perde-se no tempo, por vezes justificada por breves apontamentos documentais ou de transmissão oral sobre uma eventual pré-existência Moura, Goda, ou até Romana, culturas que precederam – e igualmente influenciaram – a portuguesa.
A posse ou o habitar desta segura e defensiva construção conservará desde tempos imemoriais o privilégio de uma elite fortemente ligada ao poder régio e militar, e será esse prestígio social, histórico e cultural que justificará a perenidade por séculos de tantas primitivas torres na habitação nobre, ou a sua mimetização em novas construções e novas elites simbolizando a nobreza de um passado, de um presente, ou de um futuro que se esperava grandioso.
Ler na íntegra aqui
Texto e fotografia por:
Ana Motta Veiga