Leonor Gomes participa na exposição de rua Tronos de Santo António desde 2016, quando tinha apenas 8 anos. “Começou por ser apenas uma brincadeira, mais um trabalho manual que fazia com a minha mãe, mas depressa se tornou numa tradição e comecei a decorar o meu próprio trono. Tornou-se algo ainda mais importante quando comecei a estudar artes visuais em 2023, e comecei a fazer as minhas próprias decorações. É algo tão constante que se puser todas as fotos umas atrás das outras fica um filme em stopmotion do tempo a passar. É algo que me liga ao país onde nasci e cresci, e que sei que surgiu muito antes disso, e espero que dure ainda mais tempo.”
No ano em que se assinala a 10.ª edição desta exposição que em junho espalha tronos por vários bairros, montras, janelas ou entradas de edifícios alfacinhas, o testemunho de Leonor Gomes surge como exemplo de alguns dos participantes que acompanham o Museu de Lisboa – Santo António na revitalização desta tradição que em 2024 reuniu 223 participantes em 23 freguesias lisboetas.
Conta a tradição que os tronos tiveram origem após o terramoto de 1755, que destruiu quase totalmente a igreja de Santo António, só sobrevivendo o altar-mor (com a imagem de Santo António que ainda hoje lá está) e a cripta.
Imediatamente após o cataclismo, toda a população desenvolveu esforços para a reconstrução da igreja, através da recolha de esmolas, quer em Lisboa, como por todo o país, assim como com dinheiro recolhido no Brasil e em todo o Império.
De acordo com a cultura popular, as crianças da cidade também quiseram participar, e na época de celebrar o Santo António começaram a erguer pequenos tronos, junto dos quais pediam o tradicional “cinco mil reizinhos para o Santo António”.
A tradição, resgatada pelo Museu de Lisboa – Santo António em 2015 em forma de exposição de rua, vai voltar à cidade em junho. As inscrições já estão abertas e qualquer pessoa ou entidade coletiva pode participar. Para isso, basta preencher o formulário de inscrição disponível no site do Museu de Lisboa e enviá-lo por e-mail para tronosdesantoantonio@egeac.pt até ao dia 30 de maio. Quem não puder construir a estrutura base do trono, pode recolher uma gratuitamente no Museu de Lisboa – Santo António.
A exposição Tronos de Santo António 2025 começa no dia 7 de junho e os vários pontos onde é possível encontrar um trono vão estar reunidos num roteiro digital, que será disponibilizado no site do Museu de Lisboa.
As Marchas Populares são outra marca identitária das Festas de Lisboa. Este desfile no qual 20 bairros lisboetas se fazem representar todos os anos envolve uma longa e complexa preparação, que dura o ano inteiro.
As coletividades locais têm um papel determinante nesta produção ambiciosa, sendo o ponto de encontro da marcha, onde os seus membros ensaiam, constroem e armazenam figurinos, estruturas e adereços.
Para dar visibilidade ao trabalho de bastidores desenvolvido pelas coletividades dos bairros lisboetas, que mantêm esta tradição viva, o Museu de Lisboa – Santo António promove um ciclo de conversas inaugurado no dia 29 de abril, pelas 18h30. Para a primeira conversa, intitulada Como se se faz um vencedor, o Museu de Lisboa – Santo António desafiou os coordenadores das marchas vencedoras nos últimos 25 anos – Alcântara, Alfama, Alto Pina, Bica, Castelo, Madragoa e Marvila – a partilharem as suas experiências sobre a preparação de uma marcha, o envolvimento dos bairros e o que significa a vitória.
Foto:Festas de Santo António, Alberto Carlos Lima, c. 1940, Arquivo Municipal de Lisboa
Fonte: Museu de Lisboa
Egeac