O novo livro de Patrícia Portela, “Manual Para Andar Espantada por Existir” com apresentação na Feira do Livro de Lisboa, no dia 22 de junho (domingo), às 16h, na Praça da Leya, por Rui Zink. Está, a partir desta semana, nas livrarias.
A escritora Patrícia Portela regressa com novo livro “Manual Para Andar Espantada por Existir”, com a qualidade a que já nos habituou, este livro é um mapa para quem ousa existir de olhos abertos e coração inquieto.
Partindo das Aventuras de João Sem Medo, Patrícia Portela convida-nos a saltar e a atravessar o muro da realidade e a redescobrir a importância da imaginação num tempo em que pensar, sentir e agir se tornaram atos de resistência. Num desfile de encontros com personagens que ecoam o universo de José Gomes Ferreira, a atualidade da sua mensagem impõe-se: num mundo saturado de informação e acontecimentos, enfrentar o medo nunca foi tão necessário.
Excerto do preâmbulo:
“Num ano em que 4 mil milhões de pessoas (aproximadamente metade do mundo) foi a votos para escolher os seus governos e os seus representantes e num ano em que Portugal celebrou o 50º aniversário da Revolução dos Cravos, saltar muros, partir muros, ou até mesmo só falar com muros pareceu-me o gesto mais urgente que poderia fazer para combater o isolamento, a injustiça, a falta de cuidado e a calhordice que por aí anda a empatar dias que poderiam ser muito mais inspiradores.
Num tempo em que o mundo ocidental parece estar em luta com os seus próprios (e duplos) princípios, tornando-se num lugar onde uma pequeníssima minoria sobrevive e enriquece à custa do aprisionamento e tortura de uma larga maioria, cultivar uma imaginação sem freio e uma persistente curiosidade que desafie o medo do desconhecido pode bem ser a única saída para uma sociedade que, demasiadas vezes, condena as gerações mais jovens ao silêncio, ao desprezo ou ao motim.
José Gomes Ferreira escreveu o folhetim As Aventuras de João Sem Medo em 1933 para os seus filhos, na esperança de que nunca se tornassem num desses adultos falsos que sujam o mundo e não acreditam na imaginação. Há mais de 90 anos, imaginem!, e enquanto ele escrevia, iniciava-se, graças a um elevado e promovido abstencionismo considerado como voto de aprovação para uma nova Constituição, o período do Estado Novo em Portugal, ou melhor dizendo, aquela que é hoje considerada a ditadura mais longa da Europa, liderada por um senhor que usava sempre os mesmos sapatos, de seu nome Salazar. Esse quase meio século de ditadura só terminaria a 25 de abril de 1974. Nesse mesmo ano de 1933 e num país não muito distante deste onde José Gomes Ferreira morava e escrevia, o Partido Nazi, presidido por um outro biltre de seu nome Adolf Hitler, obtinha 43,9‰ dos votos nas eleições parlamentares. Esse senhor, que só usava uniformes de marca e já era Chanceler da Alemanha por essa altura, encarregou-se de escorraçar todo e qualquer deputado da bancada comunista e social-democrata da casa da democracia, para logo aprovar, sem impedimentos de maior, a lei da Concessão de Plenos Poderes, iniciando assim, um dos períodos mais sombrios da História Europeia, uma época em que se queimaram pessoas e livros com o objectivo de eliminar uma parte da humanidade e muitas das suas ideias, seguindo uma longa e tristíssima tradição que nos tem acompanhado desde Alexandria à Idade Média.”
Patrícia Portela (1974). É autora de espetáculos, instalações e obras literárias. Tem um mestrado em cenografia e outro em filosofia; estudou dramaturgia, dança e cinema, em Lisboa, Utrecht, Londres, Helsínquia, Ebeltoft e Leuven. Cresceu em Macau, viveu duas décadas em Antuérpia e habitou brevemente em Paris e Poznan mas por razões meramente pessoais. Atualmente vive em Paço de Arcos. Itinera com regularidade pela Europa e pelo mundo e é reconhecida nacional e internacionalmente «pela peculiaridade da sua obra», com a qual recebeu vários prémios. É autora de romances e novelas como O Banquete (2012, finalista do Grande Prémio de Romance e novela APE) ou Hífen (finalista do Prémio Correntes d’Escritas, Prémio Ciranda em 2022 e escrito com uma bolsa DGLAB). É cronista regular do Jornal de Letras, Artes e Ideias desde 2017 e foi cronista na rádio Antena 1 em «O Fio da Meada» por 6 meses (2019-2020). Os seus textos foram reunidos e publicados no livro Crónicas Fora de Jogo em 2022.
Durante a pandemia foi diretora artística do Teatro Viriato em Viseu, que nunca fechou as suas portas (2020-2022), e da Rua das Gaivotas 6, em Lisboa (2023–2024).
Ficha do Livro:
Título: Manual Para Andar Espantada Por Existir l ISBN: 9789722133500 l PVP C/ IVA: 16,90€
Fonte: LeYa