Exposição fotográfica de Lauro António no Teatro Variedades mostra Parque Mayer nas vésperas do 25 de abril

Exposição fotográfica de Lauro António no Teatro Variedades mostra Parque Mayer nas vésperas do 25 de abril

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Foi em março de 1974, durante uma “repérage”para um filme sobre o Parque Mayer que acabou por nunca ser montado, que o reconhecido cineasta Lauro António  fotografou o icónico recinto de teatros de revista da cidade de Lisboa, em vésperas  do 25 de abril. Estas fotografias históricas estão agora reunidas numa exposição que  pode ser visitada no recém-inaugurado Teatro Variedades, agora sob a gestão da  LISBOA CULTURA. 

As fotografias que aqui se expõem são o resultado dessa “repérage” e o retrato de um  Parque Mayer em vésperas da Revolução dos Cravos, com quatro teatros a funcionar: o  Variedades, o Capitólio, o Maria Vitória e o ABC (o único que já não se encontra em  funcionamento no local). No Parque Mayer, para além dos teatros, a atividade da época  era muita e diversa, com um barbeiro, um fotógrafo, bancas de livros, restaurantes, cafés,  esplanadas, salão de snooker, farturas e o jogo dos “tirinhos”, entre outros. 

A exposição é a memória de um filme nunca filmado sobre o Parque Mayer, visto pelo  olhar de Lauro António, e que pode ser visitada no Teatro Variedades até dia 22 de  dezembro, de segunda a sexta-feira das 13h às 18h e em dias de espetáculo, até ao seu  início. 

Nascido em Lisboa na década de 40 do século passado, Lauro António foi um cineasta  reconhecido e responsável pela realização de longas-metragens (“Manhã Submersa” e “O  Vestido Cor de Fogo”), curtas (“Prefácio a Vergílio Ferreira”, “O Zé Povinho na Revolução”  ou “Vamos ao Nimas”), séries de televisão (“Histórias de Mulheres”, “A Paródia”, “Novo  Elucidário Madeirense”, “Cantando Espalharei”), e os documentários “José Viana”, “Maria  Sobral Mendonça”, “Humberto Delgado: Obviamente, Demito-o!”.  

Presente em centenas de Festivais e Semanas de Cinema Português, venceu diversos  prémios – nacionais e internacionais – e vendeu os seus filmes para circuitos comerciais e  televisões de dezenas de países na Europa, EUA, África e América Latina.  

Foi ainda, entre inúmeras outras funções, crítico e ensaísta de cinema, com mais de  cinco dezenas de obras publicadas, e diretor de diversas publicações de cinema e vídeo,  tendo-se destacado igualmente ao nível da crítica cinematográfica em numerosas  publicações e jornais como o Diário de Notícias, o Diário de Lisboa, O Comércio do Porto,  A Bola, entre outros.

“Esta exposição de Lauro António preserva a memória histórica de alguém que fez muito  pela cultura nacional e transporta-nos para outros tempos do Parque Mayer e dos seus  teatros. É muito importante que os nossos equipamentos saibam honrar a sua história,  como legado para o seu futuro”, destaca Pedro Moreira, Presidente do Conselho de  Administração da Egeac/LISBOA CULTURA. 

O Teatro Variedades tem uma longa história na cidade de Lisboa e uma ligação icónica ao  teatro de revista. Foi inaugurado a 8 de julho de 1926 (projeto do Arquiteto Urbano de  Castro) com o espetáculo de revista “Pó de Arroz” e a casa de grandes sucessos, com  grandes elencos onde se destacam Beatriz Costa, Mirita Casimiro e Vasco Santana 

Foi o segundo edifício de espetáculos no recinto do Parque Mayer, que no passado foi  muito popular em Lisboa. Ali foram ainda realizados espetáculos até à década de 90 (em  1992 foi palco da gravação do programa semanal da RTP1 “A Grande Noite”, do encenador  Filipe La Féria). 

A intervenção realizada no Variedades, edifício agora sob a gestão da LISBOA CULTURA,  efetuada pela Lisboa Ocidental SRU, procurou preservar o glamour e a identidade do  teatro, e revitalizá-lo enquanto centro de espetáculos adaptado às exigências legais e  técnicas contemporâneas. 

O projeto, da autoria do arquiteto Manuel Aires Mateus, apostou em soluções  construtivas de simplicidade e reabilitou os principais elementos que caracterizam o  edifício – o pórtico, o foyer, o auditório e o palco –, completando-o com uma nova envolvente funcional, nomeadamente através da construção de novos espaços de acesso  e circulação entre pisos, de apoio e de serviço, e de cariz técnico. 

O “novo” Teatro Variedades conta com cerca de 300 lugares sentados – com cadeiras  desenhadas pelo Arquiteto Manuel Aires Mateus – distribuídos pela Sala principal, a  construção de uma bancada e camarotes no piso do balcão e frisas nas laterais da  plateia. O Palco mantém as dimensões originais (7,90m de profundidade e 16,80m de  largura entre paredes, com avançado em cerca de 3m da boca de cena).  

Além de reforçar a oferta para artes performativas, este teatro disponibilizará um novo  conceito, enquanto espaço de acolhimento e apresentação para produções independentes e para companhias que não dispõem de espaço próprio. 

 

Fonte: f5c.pt

 

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