A Dom Quixote edita na próxima terça-feira, 14 de janeiro, “Dicionário Crítico da Revolução Liberal, (1820 – 1834)”, obra de mais de mil páginas, coordenada pelos historiadores Rui Ramos, José Luís Cardoso, Nuno Gonçalo Monteiro e Isabel Corrêa da Silva. O livro conta com a colaboração de 70 historiadores que investigam e ensinam em várias universidades, nacionais e estrangeiras, e representam várias gerações e pontos de vista.
Em 2020 passaram 200 anos sobre o levantamento militar no Porto, que deu origem ao que depois se chamou a revolução liberal. Em meados do século XIX, o historiador Alexandre Herculano considerou-a a maior mudança política e social em Portugal desde a Idade Média. No século XX, a historiografia predominante tendeu a subestimar o impacto dos governos liberais e a exagerar todo o tipo de continuidades entre o Antigo Regime do século XVIII e o novo Estado Liberal do século XIX. Nos últimos 40 anos, porém, a intensificação da investigação histórica, quer sobre o Estado Liberal, quer sobre o Antigo Regime, ajudou a reconsiderar a revolução liberal e restaurou, até certo ponto, a ideia de Herculano de que se tratou de uma enorme transformação política, cultural e social, e uma profunda rutura com o que tinha sido o passado português,e que como tal deve ser considerada no conhecimento e na memória histórica. É essa grande mudança histórica que pretende abarcar este dicionário que aborda a emergência da Monarquia Constitucional e do Estado Liberal nas primeiras três décadas do século XIX.
“O que aqui designamos como a revolução liberal não é simplesmente um acontecimento – por exemplo, o pronunciamento militar no Porto, a 24 de agosto de 1820 – mas um processo que se terá prolongado através de várias décadas no século XIX, depois desse acontecimento. A revolução liberal culminou na consolidação de um regime, a monarquia constitucional, cujos líderes se passaram a chamar a si próprios «liberais», e que mudaram, através de legislação, as instituições e os princípios da vida portuguesa. Nomeadamente, alteraram o conceito de Estado, a relação dos portugueses com o Estado, o estatuto da nobreza, do clero e de todos os corpos intermédios, como as municipalidades e as corporações, e em geral a cultura política, a conceção da sociedade e a vida religiosa.”
Fonte: LeYa