No ano em que se assinala o centenário do nascimento de Carlos Paredes, génio incomparável da guitarra portuguesa, celebra-se também o legado de uma artista que ousou — como só os grandes ousam — prestar-lhe tributo com a sua voz única e inclassificável. Falamos de Mísia, que nos deixou em 2024, mas cuja presença artística permanece viva na sua obra arrebatadora.
Em 2003, Mísia surpreende o meio artístico com “Canto”, um disco singular onde a fadista dá voz à música instrumental de Paredes através de novos textos de autores como Vasco Graça Moura, Sérgio Godinho e Pedro Tamen. Com coragem, sensibilidade e respeito, a artista desafia os limites do fado e da canção portuguesa, criando uma obra de profunda beleza e ousadia rara.
Nas suas próprias palavras: “Foi preciso cantar sem caricaturar os temas em ‘fados à força’; isto sem negar a alma fadista, que está na minha voz. Este é, definitivamente, um disco de Fados embora as músicas não o sejam. (…) ‘Canto’ é a minha prenda a Carlos Paredes.”
Neste ano de memória e celebração, “Canto Revisited – In memoriam Carlos Paredes e Mísia” propõe revisitar esse presente — devolvendo-o a ambos os artistas como testemunho da sua eterna relevância.
O concerto-homenagem realiza-se a 24 de Maio, às 21h00, na Biblioteca de Marvila, em Lisboa, com entrada livre. Em palco, reúnem-se três músicos que integraram o projeto original: José Manuel Neto (guitarra portuguesa), Carlos Proença (viola de fado) e Luís Pacheco Cunha (violino).
A interpretação vocal será entregue à jovem fadista Aurora Studer, cuja entrega, talento e autenticidade prometem honrar e reinventar, com frescura e respeito, as sonoridades que Mísia tão intimamente teceu com a música de Paredes.
Do alinhamento fazem parte nove temas do disco original – Presságios de Alfama, Sem Saber, Lamentos das Rosas Bravas, Ah Não, Canção de Alcipe, Nenhum Sonho se Entrega à Chegada, Horas de Breu, Valsa das Sombras e Verdes Anos – assim como interpretações instrumentais de temas de Carlos Paredes.
“Canto Revisited” é mais do que uma homenagem: é um gesto de continuidade artística, onde a memória se transforma em presença viva através da música.
24 de Maio, às 21h00, na Biblioteca de Marvila (Lisboa), com entrada livre
Fonte:musicamera.pt
