Nápoles, Itália
9-X-2011
Ciao bella
Voltei a Itália, este país onde a beleza parece infinita e do qual nunca me canso. Desta vez rumei ao sul, a uma Itália fora dos postais perfeitos, a uma Itália perfeita pelas fotografias imperfeitas.
A baía de Nápoles encanta à primeira vista, com o Mediterrâneo a mostrar-se, belo como ele só, dominado pela imponência do Vesúvio. Felizmente faz sol e o azul é ainda mais imenso e profundo, unindo mar e céu.
A cidade é uma surpresa, com as motas omnipresentes e os carros em sentido contrário, as ruas estreitas e misteriosas, que remetem para a medina de Marrakesh, não fora os palazzos barrocos decadentes, feitos prédios com roupa estendida. Aqui, o labirinto não é feito de muros que escondem casas, as casas abrem-se pelas janelas para a rua e tornam-se parte dela. As lojas populares movimentadas ao lado de igrejas magníficas contrastam a vivência popular com o esplendor de outrora. Procuro com afinco a melhor pizza da cidade – ou do mundo, acreditando que as melhores pizzas são as napolitanas –, num jogo de tentativas até encontrar a perfeita Marinara do Da Michele, que me obrigo a repetir e gostaria de pode repetir amiúde, de tão perfeita. Que boa é a comida daqui.
Gosto desta mistura de beleza e decadência, das marcas do tempo, da genuinidade que se encontra em Alfama, em Istambul ou em Valparaíso. Lugares com personalidade onde se pervertem as regras, às vezes excessivamente, mas quase sempre com uma individualidade que fascina.
Nem vou falar do que podemos ver em volta: o imponente Vesúvio e as esmagadoras ruínas de Pompeia, a deslumbrante Costa Amalfitana onde o sol parece brilhar ainda mais ou a pretensiosa Capri, onde o comércio de rua ganha uma nova definição.
Esta é uma cidade que ou se ama, ou se odeia. Eu, definitivamente, amei e só penso em voltar.
Bacci mile.
João Albuquerque Carreiras