Na liga dos grandes – GANSO @paredesdecoura

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Uma das mais promissoras bandas do novo rock português, os Ganso (Thomas Oulman, João Sala, Gonçalo Bicudo, Luís Ricciardi, Miguel Barreira), estreou-se no palco principal de um grande festival na edição deste ano do Vodafone Paredes de Coura, entrando assim na liga dos grandes.

O concerto abriu o palco onde tocariam Patti Smith e Suede, quando a luz do dia ainda pairava sobre o belo anfiteatro de Coura. Apesar da hora, foi perante bastante público junto ao palco, e outro tanto aproveitando para escutar o concerto deitado na relva, que os Ganso avançaram para um belo concerto, que terminou com stage diving, crowd surfing e mosh, prova da alegria de quem assistiu.

Falámos com eles (João e Gonçalo) logo depois de terminarem um concerto que por certo não esquecerão.

Como foi a vossa estreia num grande festival que, pelo que sei, é dos vossos favoritos?

Muito especial mesmo. Ainda nem dá para falar bem do assunto. Quando soubemos que íamos tocar já foi incrível, mas faltava tocar mesmo e esforçámo-nos bastante para este concerto porque (não que os outros concertos não sejam importantes) foi o concerto que demos para maior público e por isso sentimos mais responsabilidade. Estamos muito felizes, ainda agora acabou de acontecer e ainda não tivemos tempo para descer à terra, mas temos a noite toda e os próximos dias para digerir.

O vosso novo disco, “Não tarda”, vai sair em Setembro. É um disco na linha do anterior (“Pá Pá Pá”, 2017)?

Não, nada. Teve uma aproximação muito diferente, pois começámos a usar teclados dos anos 80 e uma aproximação mais cuidada à composição. Está um nível bem acima de maturidade, com som foi mais definido, pois diziam-nos que não se percebiam bem as letras e neste disco está tudo lá. Tem um som menos lo-fi.

Posso pedir-vos para nos contarem a história dos Ganso? Existem desde quando?

A banda existe desde 2015 e foi formada por iniciativa do Thomas. Nós andámos todos na mesma escola e o Thomas veio um dia falar comigo (João) na noite, porque ele sabia que eu tocava e estava a tocar com o Luís, o Gil e o Vasco (que já não estão na banda). Começámos a gravar e aí apareceu o Miguel, que substituiu o Luís que teve de ir embora, e depois o Vasco foi embora e veio o Bicudo, já no final do “Costela Ofendida”. Ele entrou e começámos a compor o “Pá Pá Pá”. Os primeiros concertos foram ainda com o Vasco e depois entrou o Bicudo.

Antes deste concerto há algum concerto que tenha sido especial, sendo que todos os concertos, especialmente no início, são especiais?

Um bem especial foi, há um ano, o “Ganso e amigos”, no Musicbox. Convidámos alguns amigos músicos a participar e houve duetos e solos de guitarra surpresa. Acabou com 12 pessoas em palco a tocar a nossa versão (Cuca Monga) do “Evil Ways” do Santana, traduzido para português à pedrada. (risos)

Vocês estão muito ligados aos Capitão Fausto, através da Cucamonga. Sentem que há uma corrente de amigos que se está a impor como um conjunto?

A Cucamonga é isso mesmo, uma corrente, uma editora de amigos. Antes de ir gravar ao estúdio deles (Fausto), eu conhecia a banda e não os conhecia pessoalmente, mas logo nos tornámos amigos. No ano passado entraram os Reis da República (onde o Bicudo também toca) e lançaram um disco. Este ano também vai surgir um disco de outra banda que eu (João) também faço parte, os Zarco.

É bom haver editoras que marquem pelo conjunto. Finalmente, quais são as vossas referências, de onde surge o vosso som? Sabendo que é sempre difícil responder a essa pergunta.

Depende de cada um de nós e de cada trabalho. As referências para o “Pá Pá Pá”, não foram as mesmas que para o “Costela Ofendida” ou para o “Não tarda”. Para este disco houve muito city pop japonês ou Steely Dan (a música com que entrámos hoje em palco). Toda uma vibe urbana e chuvosa, muito anos 80 no Japão. Em Portugal, o Paulo de Carvalho, que tem dois discos chamados “Cabra Cega” (1981) e “Abracadabra” (1982), que fogem muito ao resto da sua discografia. A nível nacional é uma das referências para este álbum. Depois cada um de nós foi buscar influências em cada instrumento de pessoas (instrumentistas) específicas e não tanto a bandas específicas.

Por: João Albuquerque Carreiras

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