Convite para três viagens…

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Convite para três viagens ….

Nos dias de hoje, cultura, turismo e sociedade pressupõem novos paradigmas aos quais os agentes culturais não podem permanecer indiferentes. O que o turista de hoje procura e valoriza nos destinos que selecciona, são aspectos que envolvam alguma interactividade e autenticidade. Como tal procura cada vez mais, experiências multissensoriais e o envolvimento emocional com os locais que visita.

A experiência de visita deverá por isso contemplar quatro vertentes fundamentais: Educação, Entretenimento, Emoção e Experimentação.

Nesta perspectiva, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tem vindo a oferecer uma programação cultural variada que procura corresponder às expectativas de diversos públicos que visitam ou residem na cidade de Lisboa, permitindo a estes, incursões por múltiplas e longínquas culturas, dando-lhes a conhecer civilizações e tradições milenares.

O Oriente tem estado particularmente em foco como destino na programação cultural deste último semestre através de três itinerários nos quais o público é convidado a participar.

O primeiro consiste numa viagem ao Oriente, seguindo o itinerário xaveriano no ano em que se comemoram os 400 anos do ciclo pictórico vida e lenda de São Francisco Xavier, pintado por André Reinoso.

Em 1619, a Companhia de Jesus encomendou ao jovem pintor André Reinoso um conjunto de 20 telas representando episódios da vida de São Francisco Xavier (1506-1552), padre jesuíta navarro que foi o missionário do Oriente, na época, em que se pugnava em Roma pela sua canonização. O conjunto pictórico foi instalado na sacristia da Igreja de São Roque e totalmente criado com composições inéditas, representando a passagem do santo missionário por várias paragens no Oriente, desde Moçambique ao Japão, sendo hoje considerado uma das obras-primas da arte portuguesa e mesmo da arte mundial.

Nesta viagem, Moçambique é o ponto de partida e Goa o de chegada. No meio aportaremos na Índia, Sri Lanka, Malásia, Indonésia, Japão e China. Este programa inclui visitas temáticas, workshops, teatro, música, dança, gastronomia, conferências e conversas abertas, que transportam os visitantes para as civilizações asiáticas que os portugueses encontraram nas suas expedições.

Cada uma das paragens do itinerário de São Francisco do Xavier será assinalada, ao longo de um mês, por diversas actividades no Museu de São Roque e pela exposição de uma peça convidada que evoca a cultura dos povos que os portugueses do século XVI encontraram.

Um segundo itinerário, transporta o visitante para uma viagem ao Vietname, propondo descobrir alguns aspectos da cultura da antiga Cochinchina, actual Vietname. Este itinerário inscreve-se no contexto da celebração do 100º aniversário do decreto imperial que consente a utilização do alfabeto latino, na língua oficial do Vietname, o Quôc Ngu’, romanizada pelo Jesuíta português Francisco de Pina no início do século XVII e continuado pelo jesuíta francês Alexandre de Rhodes.

A adoção do Quôc Ngu’ permitiu combater o analfabetismo, por ser de mais fácil apreensão do que os ideogramas da escrita chinesa, possibilitando recuperar a dignidade da cultura vietnamita que assim pôs termo à influência milenar da cultura chinesa.

Por outro lado, em São Roque conservam-se as relíquias de André Phú Yên (Catequista André), primeiro mártir cristão do Vietname que ainda hoje é muito venerado pela extensa comunidade católica vietnamita, que ascende mais de 10 milhões de cristãos.

A exposição da relíquia do Beato André de Phú Yên, a evocação do jesuíta português Francisco de Pina e uma conferência Internacional sobre a romanização/lusitanização da língua vietnamita são três dos momentos marcantes de uma viagem pela cultura e tradições vietnamitas, viagem essa animada por sessões de música, poesia e teatro de marionetes, para além de artes plásticas e visuais que transportarão o público para estas culturas milenares permitindo-lhe experienciar até os sabores do Vietname.

Uma terceira viagem a iniciar ainda em Dezembro de 2019, tem por destino a China ao tempo dos Imperadores contemporâneos do Rei Magnânimo.

Nesta, será apresentada ao público a exposição “Um Rei e três Imperadores: Portugal, a China e Macau no tempo de D. João V”, a pretexto de três grandes comemorações: os 40 anos do restabelecimento das relações diplomáticas entre Portugal e a China, os 20 anos da transferência de poderes de Macau para a China e os 450 anos da fundação da Misericórdia de Macau.

Estas três efemérides são o mote para melhor conhecer as relações diplomáticas comerciais, culturais e até religiosas entre Portugal e a China. A aproximação a esta cultura será veiculada através de uma selecção de obras de provenientes de instituições públicas e colecções privadas, nacionais e internacionais, que ilustram o tempo das embaixadas e da cortesia, o tempo do chá e da porcelana, o tempo dos fascínios, intercâmbios e tensões e por fim Macau no tempo dos novos tempos.

Por Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

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