A vencedora do BAFTA Sheridan Smith dá vida a uma mãe que mudou o sistema judicial britânico em Contra a Lei

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No dia 30 de setembro, a Filmin estreia o true crime Contra a Lei, série realizada por Erik Richter Strand (The Crown) e protagonizada pela vencedora do BAFTA Sheridan Smith (A Professora). Esta minissérie de quatro episódios baseia-se no livro For the Love of Julie, escrito pela própria Ann Ming, uma enfermeira britânica que perdeu a filha em 1989 às mãos de um assassino.

Quando Julie Hogg, a filha de 22 anos de Ann Ming, morre em circunstâncias misteriosas, nem a polícia nem o sistema judicial fazem tudo o que podiam para resolver o caso. Indignada, Ann inicia uma campanha de 17 anos para revogar uma lei arcaica, numa luta corajosa e tenaz que a leva até à Câmara dos Lordes.

Normalmente as narrativas do true crime abordam os factos a partir de uma perspetiva legal, exploram o mistério que envolve os crimes ou aprofundam a psicologia do assassino. Contra a Lei afasta-se destas convenções ao adoptar o ponto de vista de Ann Ming, mãe da vítima, como foco principal. O argumento de Jamie Crichton baseia-se no livro em que a protagonista relatou em primeira mão o sofrimento de lutar sozinha por justiça.

O nome do assassino nunca é mencionado. Foi uma decisão fundamental tomada por Crichton desde o início: Esta é a história da Ann. Não só nunca se ouve o nome dele em nenhum dos quatro episódios, como nem sequer aparece nos créditos. O actor que o interpretou, Jack James Ryan, aceitou isto de forma generosa. Esta não é a história dele. Sheridan Smith acrescenta: Senti uma enorme responsabilidade em fazer justiça à sua história, porque ela confiou nesta equipa para a contar. Não é apenas uma série de televisão, é a vida dela e da família, e isso importa.

Lei do duplo julgamento

A lei que Ann Ming luta para revogar em Contra a Lei  é a chamada Double Jeopardy Law, ou Lei do Duplo Julgamento. Trata-se de um princípio legal que protege uma pessoa de ser julgada duas vezes pelo mesmo crime. Isto significa que, uma vez que alguém tenha sido absolvido ou condenado por um tribunal competente, não pode voltar a ser processado pelo mesmo facto, mesmo que se prove que a decisão anterior estava errada. No Reino Unido, esta lei tem raízes numa tradição jurídica com cerca de 800 anos.

Ann Ming não estava disposta a que uma lei arcaica negasse justiça à sua filha. Enfrentou a polícia, o Serviço de Acusação da Coroa e advogados desdenhosos, conseguiu o apoio de um Ministro do Interior e da Comissão Jurídica e dirigiu-se à Câmara dos Lordes. Em 2007, foi condecorada com a medalha MBE (Membro da Ordem do Império Britânico) pelos serviços prestados ao sistema de justiça penal.

Numa entrevista com Sheridan Smith e a própria Ann Ming, em que relembraram todos os factos que ela enfrentou, Ming respondeu simplesmente: Bem, ninguém é melhor do que tu, por isso, se vês algo que não está bem, tens de tentar mudá-lo. Smith abana a cabeça, impressionada: Estou completamente admirada. Ann acrescenta: A Escócia e a Austrália já mudaram a lei, as salvaguardas são rigorosas. Sr. Trump, se me está a ouvir, pense nisso sublinhando que, ao contrário desses países, nos EUA a Double Jeopardy continua em vigor.

Contra Lei estreia em exclusivo a 30 de setembro.

 

 

Fonte: Filmin

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