UMA DESEJÁVEL NOTA DE CONTEXTO

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Todos sabemos que o que não falta por aí são livros de viagens, e dos bons, acerca do Chile e da Argentina. Sobre a Patagónia, ainda mais e melhores há. Foram muitos e extraordinários os escritores de viagem que fizeram de momentos no sul do Chile e da Argentina a aguarela com que pintaram as telas em branco dos seus cadernos de bolso. Outros, sem alento para pôr por escrito aquilo que presenciaram por terras do fim do mundo, mas com talento para tal, preferiram transmitir a todo o mundo a beleza do local através de imagens e fotografias que apenas os mais virtuosos podem sequer sonhar captar.

Por essas mesmas razões, bem como em virtude de uma inexplicável necessidade de querer fazer sempre algo diferente, este não é um livro de viagens sobre a Patagónia. Não é um livro fotográfico, nem um livro de escrita de viagens sobre o Chile e a Argentina. Não o pretende ser, e na verdade não o é mesmo.

Então de que se tratam as páginas seguintes, perguntar-se-á o comum dos mortais?

Pois bem, as linhas que se seguem pretendem transmitir a todos aqueles que se deem ao trabalho de as ler o que não é visível nas fotografias que as acompanham, captadas ao longo de vinte e cinco dias no sul da América com uma máquina analógica que deu uso a não um, não dois, mas sim a seis rolos de trinta e seis disparos cada.

Aquilo que se pretende com este conjunto de breves textos é transmitir aos mais curiosos aquilo que está por detrás de toda e cada uma das fotografias que se encontrarão ao longo das páginas que se seguem. O que não se vê. Estados de espírito, experiências, momentos, sentimentos e sensações, tudo aquilo que não é percetível à visão. A fome, o cansaço, a humidade, os sorrisos e as agruras, algumas poucas aventuras e até mesmo um mistério que ainda se encontra, nesta data, por resolver.

Mas porquê, insistirão os mais intelectualmente irrequietos, fazer algo assim?

Pelas razões expostas anteriormente, repita-se. Mas acima de tudo porque viajar é muito mais que aquilo que se vê. Vai muito mais além daquilo que pode ser descrito com base no olhar. E porque não quis deixar de partilhar o que vivi com todos aqueles que queiram abraçar essa mesma viagem.

 

Por João Barros

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