No Drogaria o sabor quer-se português, reconfortante, rico e, ao mesmo tempo, delicado, contemporâneo e inesperado. Com uma nova carta dedicada aos dias frios, o chef consultor João Hipólito volta a inspirar-se nas tradições portuguesas e a trazer produtos tradicionais que nos levam a viajar até vários pontos do país e a recordar memórias de infância.
A grande surpresa vem do norte, com os cuscos de Vinhais a dar corpo ao prato vegetariano, acompanhados por castanhas e legumes da estação. Mais a sul, a proposta vai para o arroz de polvo com vinho tinto ou para o xerém de lingueirão com peixe do dia, perfumado com poejos. Já do centro, a carta apresenta o leitão assado com menta e molho de pimenta preta. Nesta viagem de sabores, o rumo vai até às nossas memórias de infância, finalizando com uma sobremesa de bolacha Maria, com café merengue e creme de gema.
“Para esta carta, pretendi, mais uma vez, ir ao encontro do receituário português, valorizar os produtos nacionais e da época, e apresentar sugestões contemporâneas mas que todos os portugueses reconheçam como suas, como é o exemplo da bochecha de novilho glaceada, com marmelo, raiz de aipo e vinho do Porto. São ingredientes nossos, que enriquecem os nossos pratos, e que pretendemos homenagear no Drogaria, trazendo para os tempos atuais a comida de conforto das nossas memórias”, explica o chef consultor João Hipólito.
Com dois chefs oriundos da Beira Baixa, o consultor João Hipólito e João Caio, à frente da cozinha, é notória a essência da portugalidade em todos os pratos do Drogaria. “Conheço muito bem o João Hipólito, trabalhei com ele no Canadá, no Ferreira Café, e somos oriundos da mesma terra. Partilhamos, acima de tudo, o gosto pela gastronomia tradicional portuguesa, os sabores que caracterizam a nossa cultura e que nos transportam até às várias regiões do país. Para esta nova carta, voltamos a apostar no tempero, no contraste de texturas e na alta qualidade dos produtos. Para o couvert, por exemplo, os vários tipos de pão são feitos por nós, servidos com creme de queijo da ilha e marmelada caseira”, comenta o chef João Caio.
Quase que escondido, o restaurante Drogaria remete-nos para uma Lisboa antiga, elegante e encantadora, que convive diariamente com o espírito de um bairro típico lisboeta, de ruelas, escadarias e segredos. “Este restaurante nasceu da vontade de voltar ao bairro onde cresci e de reviver as tradições, as minhas próprias lembranças da vizinhança, do espaço que outrora fora uma drogaria e onde tantas vezes entrei maravilhado para fazer recados, e da minha paixão pela gastronomia. Queria, essencialmente, recriar um espaço que nos leve a outros tempos, mas que oferecesse pratos contemporâneos, que reflicam a agitação da cidade e a sua transformação”, afirma o proprietário, Paulo Aguiar.
A escolha do local foi sentimental e é com essa nostalgia dos anos 70 e 80 que Paulo Aguiar relembra outros tempos, altura em que a mágica drogaria do Sr. Albino se transformava num local de curiosidade e suspiros. Após ter sido transformada num armazém de antiguidades, “a drogaria” voltou ao bairro, agora como espaço de restauração, onde o presente e o passado se encontram harmoniosamente à mesa e nas quatro paredes. Com o design de interiores a cargo de Rui Ehrhardt Soares, e com a preocupação de honrar a origem deste espaço, foram orgulhosamente mantidos alguns detalhes arquitetónicos e decorativos que nos remetem para a própria história do bairro e da graciosa Lapa de outrora. A combinação de detalhes da década de 1930 e da Arte Nova, à qual se juntam os veludos dos anos 60, o clássico chão de quadrados pretos e brancos, os tampos de mesa em mármore e uma abundância de espelhos, contrastam com a modernidade e inovação da Lisboa contemporânea.
Na cozinha preparam-se pratos que refletem esta junção de épocas, transformados no que Paulo Aguiar designa de “alma portuguesa com twist”, mantendo sempre a ligação ao que o rodeia, aos fornecedores locais e às gentes do bairro, que passam para cumprimentar o cão Akira, paciente e fiel guardador deste recanto. De portas abertas desde 2019, as recomendações no Guia Michelin em 2022 e 2023 ajudaram o Drogaria a recuperar o tempo perdido durante a pandemia. Hoje, é também paragem de muitos turistas curiosos que buscam alternativas ao grande centro urbano, num encontro com a autenticidade da cidade. Com 30 lugares disponíveis, o restaurante conta com uma sala privada para 16 pessoas, que permitem uma experiência mais intimista, a contrastar com a mistura eclética da esplanada e das happy hours de verão.
No bar, a cargo de Ludgero Veiga, gerente do espaço, o destaque vai para os cocktails de assinatura, como o novo Hibisco Sour, que combina o sabor do hibisco no formato sour clássico, disponível, entre outros, para o início da refeição ou para fazer a harmonização com os pratos. Por outro lado, a oferta estende-se também ao vinho a cargo da Garrafeira de Santos, com preferência para as referências nacionais.
Sobre o chef consultor João Hipólito
Com raízes em São Vicente da Beira, onde nasceu, João Hipólito formou-se na Escola Profissional de Hotelaria de Manteigas, de onde saiu para a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, formando-se em Produção Alimentar em Restauração. Cedo começou a trabalhar em várias cozinhas, assumindo mais tarde a cozinha do restaurante Manifesto, em Lisboa, como chef residente. Depois da passagem por vários projetos em Portugal, iniciou a sua carreira internacional nos Estados Unidos, assumindo depois as funções de chef executivo no Ferreira Café, no Canadá, um dos restaurantes portugueses mais famosos do país. Foi neste projeto que adquiriu maior notoriedade, onde voltou a reintroduzir a gastronomia tradicional portuguesa com a reinvenção de muitas receitas da Beira Baixa, uma marca que gosta de imprimir em todos os seus trabalhos. Atualmente, trabalha exclusivamente como consultor, assumindo projetos como os restaurantes Drogaria, em Lisboa, o Ferreira Café, em Montréal, e o Cantinho de Portugal, em Londres.
Sobre o chef João Caio
Conterrâneo de João Hipólito, da Beira baixa, foi pelas mãos deste que chegou ao restaurante Drogaria, depois do chef consultor o ter convidado a rumar até ao Canadá e trabalhar no Ferreira Café, em Montreal. Com apenas 24 anos, João Caio soma ainda no currículo passagens por Barcelona, Algarve e Covilhã, como a Taberna Laranjinha.
Restaurante Drogaria
Rua Joaquim Casimiro nº8
1200-696 Lisboa
Horário
3ªf a 5ªf, das 19h às 23h
Sexta e sábado, das 19h às 23h45
Encerrado domingo e 2ªf
Reservas
(+351) 210 145 528
(+351) 933 755 442
reservas@drogaria-restaurante.pt
Fotos Espaço: @MárioCerdeira
Fotos Pratos: @si_lakos
Fonte: Chefsagency