Por detrás desta fotografia está uma despedida. Está o adeus, ou o até já, a esta viagem, às pessoas que dela fizeram parte e aos lugares que tive a oportunidade de conhecer.
No que a companhia ou à falta dela respeita, há duas grandes formas de viajar: ou se viaja sozinho, ou acompanhado. Não há volta a dar. Nesta viagem, para além de ser mais prático e económico viajar acompanhado, a verdade é que, mesmo que tivesse meios ilimitados à minha disposição, voltaria a viajar exatamente da mesma forma, acompanhado do exato mesmo grupo de pessoas com quem partilhei os últimos vinte e cinco dias. Os companheiros de viagem Mel, Estela e Pedro tornaram todo e qualquer momento desta viagem melhor: organizaram, partilharam, sorriram, motivaram, cantarolaram, transformaram cada segundo, mesmo aqueles que poderiam ser mais aborrecidos, em cor e alegria.
Sou um verdadeiro sortudo e felizardo por ter podido partilhar a experiência de conhecer uma parte do Chile e da Argentina rodeado de tão bons compinchas. Na altura em que a ideia que subjaz a estas linhas foi escrevinhada, já os viajantes Pedro e Estela haviam partido de regresso a casa, restando a Mel e este vosso narrador, que voltarão onde pertencem hoje no final do dia. Os últimos dias ficaram marcados, entre outras coisas, por abraços de despedida, por muitos “até já”, por promessas plenas de certeza de que voltaremos a repetir a dose nos anos vindouros. Espero que assim o seja. Aqueles com quem partilhamos a viagem fazem parte dela, tornam-na mais ou menos especial, e esta que agora está prestes a terminar foi-o muito. Os companheiros de viagem ajudam-nos a ver as coisas de outra forma, a sentir os lugares de maneira particular, moldam as memórias que temos de cada experiência e são parte central do que vivemos quando em viagem. Esta despedida dos companheiros de viagem, por agora, deixa-me com a certeza de que a felicidade que sinto por cá ter vindo a eles muito se fica a dever, e por essa razão lhes dirijo o meu mais profundo agradecimento. Um brinde a vocês!
Mas a despedida não o foi apenas dos comparsas de viagem, mas também dos lugares por onde passei. Hoje, enquanto estas linhas ganham forma, despeço-me, por ora, da América do Sul. Para trás ficarão o tango, o futebol, a animação, os monumentos históricos e os parques verdes de Buenos Aires, ainda que de uma forma qualquer os leve comigo para casa. Fica um mês de inúmeras aventuras, momentos e instantes que se prolongarão por muito tempo na minha memória. Termina agora uma viagem há muito esperada e desejada, restando apenas um sentimento de profunda felicidade. Que felizardo sou, em poder estar aqui a escrever sobre o que vivi em pleno bairro histórico de San Telmo, no centro da primeira capital da América do Sul que tive a oportunidade de conhecer.
Viajar tem destas coisas, abre-nos a mente para o mundo, o coração para a descoberta e o cérebro para a curiosidade. Acima de tudo, permite-nos voltar a casa, ao nosso lar, muito mais ricos e plenos. Essa é também, afinal, uma das vantagens de viajar.
Venha a próxima!
Por Nuno Barros



