O PESO DAS EXIGÊNCIAS ESTÉTICAS NO BALLET

O PESO DAS EXIGÊNCIAS ESTÉTICAS NO BALLET

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 InShadow – Lisbon Screendance Festival informa que, até 19 de Dezembro, a Galeria da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa acolherá Discernible Beauty – uma exposição fotográfica da autoria do artista belga Sam Asaert que retrata o custo físico e psicológico do conformismo com as exigências estéticas existentes no mundo do ballet.

Criado ao longo de vários anos, este projecto teve como ponto de partida uma série de conversas com bailarinas de várias companhias internacionais de ballet. Com estas, Asaert procurou compreender de que formas as artistas percebem os seus corpos, de modo a retratar as falhas que identificam em si mesmas; as partes que escondem, mascaram, suprimem ou negligenciam.

Com efeito, cada imagem desta série corresponde a uma declaração feita por uma bailarina durante as conversas iniciais com o fotógrafo:

“Odeio os meus pés”; “Não gosto do meu corpo”; “Só a minha perna direita é suficientemente boa”; “A minha professora de ballet disse-me que nunca iria encontrar trabalho por causa do meu pescoço comprido”; “Sempre que ensaio em frente ao espelho, só me apetece afundar-me no chão”; “O meu pé esquerdo é terrível”; “Dizem sempre que as minhas ancas são demasiado largas”.

Recorrendo à linguagem visual da iconografia religiosa, da pintura clássica ocidental, do expressionismo e da publicidade capitalista do século XX, e utilizando técnicas de fotografia de produtos comerciais que realçam linhas coreográficas e a beleza corporalDiscernible Beauty é um diálogo fotográfico que justapõe noções centrais às artes performativas ocidentais e à comunicação visual capitalista, explorando o papel que o físico feminino desempenha em ambas.

​Enquanto a linguagem visual que predomina na cultura ocidental combina a beleza corporal com a tonalidade emocional da disponibilidade sexual e do desejo, os corpos expostos nesta série combinam proezas corporais atléticas com uma linguagem corporal que revela uma fragilidade e um tumulto interior profundamente escondidos.

A justaposição é, assim, central neste corpus fotográfico: justaposição de percepção e auto-perceção, mostrar e esconder, ver e ser visto. A proeza coreográfica assente na força física é justaposta à linguagem corporal da fragilidade psicológica e da agitação interior. A cor, com a sua aplicação histórica para realçar a beleza do corpo, é justaposta ao tecido, com a sua aplicação religiosa histórica para ocultar a beleza do corpo.

​ Em síntese, Discernible Beauty é uma série de fotografias que coloca em evidência o mundo interior das bailarinas, resultante das insuficiências (auto)percebidas que desejam mascarar, mas que a sua profissão as força a expor.

Fonte: voarte.com

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