“O JARDIM DA ESTRELA, À TARDE, É PARA MIM A SUGESTÃO DE UM PARQUE ANTIGO, NOS SÉCULOS ANTES DO DESCONTENTAMENTO DA ALMA.”
Fernando Pessoa (Bernardo Soares),
“O Livro do Desassossego”
Defronte à imponente Basílica da Estrela, mandada erguer por D. Maria I, situa-se um dos mais belos e populares jardins de Lisboa, o da Estrela, parque público desde a sua inauguração, mas que curiosamente nasceu pela vontade da iniciativa privada. A ideia de criar um parque que criasse uma alternativa ao Passeio Público (situado na actual Avenida da Liberdade) veio de um grupo de burgueses e aristocratas – em particular o Conde de Cabral, o Barão de Barcelinhos e o Conde da Estrela – e foi acolhida e apoiada pelo Presidente da Câmara, Laureano Luz Gomes, e pela família real. As obras começaram em 1842, tendo sido interrompidas entre 1844 e 1850, dada a instabilidade política, sendo retomadas em 1850 pela mão dos jardineiros reais, Bonnard e João Francisco, cedidos para o efeito por D. Fernando II e D. Maria II. O terreno, com cerca de 4 hectares, pertencia ao convento Beneditino (actual Hospital Militar), estando situado numa zona então pouco populosa, caracterizada por quintas e conventos, mas com uma belíssima situação em relação à cidade que começava a atrair gente, em particular a comunidade inglesa – o cemitério e o hospital ingleses estão aqui situados – que, como se sabe, devota grande interesse aos jardins e terá por certo contribuído para o sucesso deste. O jardim foi inaugurado em 1852 com o nome de Passeio da Estrela, entrando desde logo na moda com concertos, festas e garden parties muito concorridos. Esta moda continuou até ao início do século XX, tendo sido retomada nos últimos anos.
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por João Albuquerque Carreiras