Ao longo de três dias de conferências abertas ao público, no Auditório dois da Gulbenkian, a discussão será sobre o peso, elemento central desta edição da Trienal de Lisboa, com o título “How heavy is a city?”, e as suas três exposições centrais: “Spectres”, “Fluxes” e “Lighter”. “É inquestionável que houve uma redistribuição global e maciça do peso sobre a superfície da Terra, causada por todos os materiais que foram, e continuam a ser, extraídos, transformados, produzidos, reaproveitados e rearranjados por e para todo o tipo de atividades humanas”, afirma a curadora Filipa Ramos.
Para falar sobre este tema, as suas interseções e multiplicações, a curadora convidou um conjunto de pensadores que incluem Yara Sharif e Nasser Golzari (Architects for Gaza), Andrés Jaque, Eyal Weizman, Kenny Cupers, Kathryn Yusoff, Supawut Boonmahathanakorn, Cristina Díaz Moreno e Efrén García Grinda (amid.cero9), e Tiago Patatas, e ainda as moderadoras Lilet Breddels, Federica Zambeletti e Christele Harrouk.
A série de conferências pretende abrir debates entre diferentes práticas espaciais contemporâneas, ligando política e ecologia a noções de justiça social e ambiental. Através da apresentação de casos de estudo e de perspetivas mais amplas, cria-se um grupo de discussão que gera um intercâmbio sobre o nosso presente-futuro. Cada dia encerra com uma Drink&Talk: uma conversa informal onde todas as pessoas, oradores e público, são convidadas a participar.
Dia 29: Spectres – Império e Extrativismo
O primeiro dia aborda algumas das dimensões metafóricas do peso — os fantasmas, ruínas e pressões herdadas da extração, do colonialismo e de gestos de terraformação — para questionar como as histórias de violência marcam as ecologias e as infraestruturas do presente, e de que forma esses espectros não resolvidos pressionam cidades, territórios e corpos.
O painel inclui a dupla de arquitetos palestinianos Yara Sharif e Nasser Golzari (Architects for Gaza), que integra um grupo mundial de arquitetos, designers e ambientalistas que se opõem à destruição ambiental e humana da Faixa de Gaza, o professor e historiador Kenny Cupers, com uma investigação centrada na arquitetura, urbanismo e nas infraestruturas sociais, e que se interessa pela forma como o design serve de mediador à vida social e ao poder político; e Michael Marder, filósofo e professor no País Basco. A arquiteta e editora-chefe da revista ArchDaily, Christele Harrouk, modera a conversa.
Dia 30: Fluxes — Mudanças e Transformações
“Fluxes” aborda os fluxos de matéria, energia e significado através de geografias, infraestruturas e comunidades. Partindo desta exposição, esta sessão de conversa investiga como os circuitos globais e locais condicionam o quotidiano, desde a deslocação populacional às cadeias de abastecimento, e como a arquitetura pode relacionar-se com esses fluxos assumindo formas de solidariedade e resistência.
O segundo dia de conversas inclui o arquiteto, curador e autor Andrés Jaque, cujo trabalho explora a arquitetura cosmopolita, com projetos que exploram frequentemente as redes sociais e ecológicas. Kathryn Yusoff, professora de geografia desumana, que questiona as geologias da raça, extração e poder colonial através das humanidades ambientais críticas e o português Tiago Patatas, investigador espacial, com um trabalho que apoia as lutas ambientais e examina a sua articulação com políticas do espaço, completam o painel de participantes. A moderação ficará a cargo da arquiteta, pesquisadora e curadora digital Federica Zambeletti.
Dia 31: Lighter — Como Fazer Diferente?
O último dia das Talk, Talk, Talk encerra sob o tema da exposição “Lighter”, com a qual estabelece um diálogo: como pode o peso ser encarado como responsabilidade, suporte e resiliência, em vez de fardo? Ao abrir um espaço para discutir formas arquitetónicas e de vida urbana que acolham a fragilidade, a erosão, mas também o lúdico e a compaixão, propõem-se modos mais leves de habitar a cidade e de repensar as suas forças gravitacionais.
Os convidados são: Eyal Weizman, fundador da agência de investigação Forensic Architecture, que explora como a arquitetura se cruza com os direitos humanos, os conflitos e a justiça, cujo relatório sobre o genocídicio cometido por Israel compôs a acusação feita pela África do Sul junto do Tribunal Internacional de Justiça: Supawut Boonmahathanakorn, arquiteto tailandês do atelier JaiBaan Studio, que procura encontrar o equilíbrio entre as necessidades humanas e a natureza; e a dupla Cristina Díaz Moreno e Efrén García Grinda (amid.cero9), conhecidos pela sua abordagem experimental e interdisciplinar. A moderação ficará a cargo da historiadora de arte Lilet Breddels, diretora da Archis Foundation.
Informação:
Bilhetes diários e passe geral para o ciclo de conferências Talk, Talk, Talk nos dias 29, 30 e 31 de outubro, às 18h, na Fundação Calouste Gulbenkian.
Preço regular: Passe três dias: 60€ // Bilhete Diário: 24€ C/ Desconto* de 45%: Passe três dias: 33€ // Bilhete Diário: 13,20€
*Estudantes, maiores de 65 anos, membros da Ordem dos Arquitectos e pessoas em situação de desemprego.
Sobre a Trienal de Arquitectura de Lisboa:
Fundada em 2007, a Trienal de Lisboa é uma associação cultural sem fins lucrativos que promove a investigação, o debate e a transformação através da arquitectura. Reconhecida como a instituição portuguesa com maior projecção global na área da arquitectura, realiza a cada três anos um grande fórum internacional de reflexão, divulgação e diálogo interdisciplinar – a Trienal de Arquitectura de Lisboa. Todas as edições deste evento têm vindo a ser distinguidas com o Alto Patrocínio de Sua Excelência o Presidente da República Portuguesa, reafirmando a relevância institucional e impacto cultural de um dos principais festivais de arquitectura mundial.
Fonte: trienaldelisboa.com



