A coreógrafa e performer Gaya de Medeiros apresenta Cafezinho, na Culturgest, em Lisboa, nos dias 10 e 11 de abril às 21:00 e dia 12 às 19:00 no Auditório Emílio Rui Vilar. Posteriormente estará no DDD – Festival Dias da Dança, no Porto, nos dias 24 e 25 de abril.

Apresentando pela primeira vez um espectáculo de sua autoria na Culturgest, Gaya de Medeiros estreia uma reflexão multigeracional sobre o tempo e a finitude, baseando-se no Café Müller, de Pina Bausch, e em outras referências do pós-guerra, de reconstrução de lugares, coletivos e íntimos, que foram assolados pela ideia de fim.

No âmbito da estreia do espectáculo, será apresentado o filme Café Müller de Pina Bausch, no dia 3 de abril, pelas 19:00 com entrada gratuita.

Cafezinho é uma reflexão multigeracional com um elenco de bailarinas, cantoras e músicos, entre os 23 e os 61 anos. Inspirado em Café Müller, de Pina Bausch, este trabalho explora a coreografia como um monumento da dança contemporânea.

O trabalho propõe dançar a teimosia em nos mantermos vivas e desejantes em tempos de desesperança, movendo corpos, desejos e afetos. É uma proposta de repensar os clássicos e os cânones, questionando o que desejamos que sobreviva ao tempo. É um convite para romper o purgatório da incerteza e despertar novas forças, enfrentando o tempo com coragem: Tempo, se for para me comer, que seja com meu consentimento, refere a criadora Gaya de Medeiros

O ponto de partida é o Café Müller de Pina Bausch, como uma referência de atmosfera, e não como uma reinterpretação da obra. O ambiente do café, as sensações e as perguntas que o espaço provoca, como o gatilho para discutir o tempo e a esperança convidando o espectador à experiência de proximidade.

A dança surge como propósito para uma viagem ao passado e para revisitar os fantasmas que persistem. Danças como reflexos situadas entre a história das danças que persistem e das histórias que permanecem nos corpos.

Cafezinho propõe assim criar um torniquete entre passado e futuro, niilismo e esperança, presença e ausência. Criar uma discussão não moralista sobre o tempo e sobre a existência sem convencionar a ideia de que a vida é sagrada, tentando tornar o ato de viver mais próximo da escolha do que do dever.
No âmbito da estreia do espectáculo, será exibido o filme Café Müller, de Pina Bausch, filme inspirado nas memórias de infância da coreógrafa, que observava o pai a trabalhar num café, na Alemanha, durante e após a Segunda Guerra Mundial. A peça, uma das mais emblemáticas da dança contemporânea, explora temas como solidão, desejo, memória e as complexas relações humanas, através de uma performance intensa e repetitiva. No palco, os corpos confrontam-se num espaço surreal e labiríntico, criando uma atmosfera de fragilidade e tensão.

Na conversa a partir do filme, Gaya de Medeiros apresenta uma perspetiva pessoal sobre o filme e explora a relação entre Café Müller e o seu novo projeto Cafezinho. O objetivo não é realizar uma análise histórica, mas oferecer uma visão subjetiva e artística, refletindo sobre o impacto e a relevância contemporânea do mesmo.

Os bilhetes para o espectáculo Cafezinho custam 14€ (ver descontos) e estão à venda na Culturgest e na rede Ticketline.

A exibição do filme Café Müller é com entrada gratuita mediante levantamento de bilhete 15 min. antes (sujeito à lotação da sala).

 

Sobre Gaya de Medeiros

Gaya de Medeiros é bailarina, coreógrafa e produtora brasileira. Interessada em pesquisar os cruzamentos entre a palavra e o corpo, o privado e o público, o íntimo e o social, Gaya pergunta-se sobre o lugar do drama na contemporaneidade. Cursou Cinema de Animação na UFMG/BR e, nas artes cénicas, estudou dança clássica, contemporânea, jazz e danças urbanas. Estudou, ainda, teatro e butoh com mestres como Denise Stoklos, Tadashi Endo, Roberta Carrieri, Cie Dos a Deux, entre outros. Durante 9 anos, entre 2010 e 2019, atuou como bailarina e co-criadora na Companhia de Dança do Palácio das Artes. Em 2021, fundou a BRABA.plataforma, estrutura que viabiliza ações criativas direcionadas e protagonizadas por pessoas trans e/ou não bináries.

Criação e direção artística
Gaya de Medeiros

Cocriação e interpretação
Francisco Rebelo, Gaya de Medeiros, Iúri Oliveira, Lívia Espírito Santo, Helena Baronet, Paulina Santos e Ricardo Almeida

Apoio dramatúrgico
Ana Rocha e Tiago Cadete

Compositor
Ricardo Almeida e Gaya de Medereiros

Desenho de luz e espaço cénico
Tiago Cadete

Produção
Daniela Leitão

Coprodução
Culturgest, DDD – Festival Dias da Dança, Teatro Municipal de Torres Vedras, BoCA – Biennial of Contemporary Arts, Sekoia – Artes Performativas, e BRABA.plataforma, Polo Cultural das Gaivotas, Teatro do Bairro, Associação Parasita, Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo — Armazém da Dança, Companhia Olga Roriz, Espaço Alkantara

Co-produção em residência
O Espaço do Tempo

Projeto financiado por
República Portuguesa – Cultura | Direção-Geral das Artes
Fonte: imprensa.speak