Yerma e A Destruição de Sodoma são os dois primeiros espectáculos de Federico García Lorca que António Pires encena da Trilogia Dramática da Terra Espanhola, que inclui ainda Bodas de Sangue, um ciclo agora reagendado para janeiro e fevereiro, em três palcos diferentes – Teatro do Bairro, Galeria Graça Brandão e Teatro São Luiz. Assegurado pelo mesmo elenco, como se de uma única obra se tratasse, é um enorme desafio para os 12 actores que implica dificuldade e resistência mas que dará ao público a dimensão da unicidade da obra.
Nas suas últimas entrevistas, Lorca mostrava-se absolutamente convicto quanto à necessidade de um regresso à atmosfera trágica mediterrânica no seu projeto dramatúrgico, adiantando ao público os títulos das três obras que o efectivariam: Yerma, Bodas de Sangue, e A Destruição de Sodoma. Infelizmente, o poeta não pôde levar a sua missão até ao fim. Hoje, as duas primeiras peças da trilogia, Yerma e Bodas de Sangue, figuram entre as obras-primas de García Lorca. A Destruição de Sodoma, por sua vez, resigna-se à incompletude que a limita apenas às suas primeiras linhas, contidas numa página única do manuscrito. Por se tratar de um diálogo coral, a cena inicial de A Destruição de Sodoma, apesar de curta, permite uma considerável aproximação com os coros de Bodas de Sangue e de Yerma, revelando, em alguma medida, aspectos globais do projeto trágico Lorquiano.
Ficha técnica:
Ar de Filmes/Teatro do Bairro. Federico Garcia Lorca, texto; António Pires, encenação.