Um mundo sem máscaras

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Não sei se o mundo voltará a ser o mesmo depois deste Coronavírus. Ninguém sabe. Hoje, a nossa vida é radicalmente diferente. Entre muitas outras coisas, temos medo.

Medo por nós. Medo pelos que nos são mais queridos.

Nunca, na nossa vida, passámos por algo assim.

Dizem que é uma guerra. Mas, na guerra, conseguimos identificar o inimigo, podemos neutralizá-lo, aniquilá-lo, matá-lo. Temos exércitos e máquinas de morte, bombas, tanques, helicópteros, canhões, metralhadoras. Numa guerra, temos armas e atiramos para matar.

Nisto, neste bicho, neste vírus, o inimigo pode estar em quem nos dá um abraço, em quem queremos beijar, em quem nos respira suavemente no pescoço e nos dá arrepios

O nosso vizinho, o nosso colega, a senhora simpática da padaria.

Não vamos atirar a matar sobre esses todos. Não vamos.

Fechamo-nos. Enclausuramo-nos. Isolamo-nos. Tudo profilaticamente, bien sûr.

É a solução, dizem-nos, quem somos nós para duvidar.

Esperamos. Esperamos pela ordem de libertação. Pelo fim da emergência. Pela acalmia do bicho. Pelo sol e pelo calor. Pelas t-shirts e minissaias, pelos calções e bikinis. Pelos mergulhos no mar. Por um prato de caracóis, com um prato de torradas a escorrerem manteiga e uma cerveja gelada.

Aguardamos pelos sorrisos sem máscaras.

No fim, todos deixaremos cair as máscaras.

Será esse o mundo novo. Tudo igual. Mas sem máscaras.

Era bom. Não era?

Fiquem em casa. Protejam-se. Protejam. Saúde.

 

Por André Serpa Soares

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