“Foi Miguel Torga que chamou ao Douro de poema geológico e eu atrevo-me a acrescentar à sua frase a palavra humano. Do verso da geologia temos o curso sinuoso do rio que nos milhares de anos que tem de existência soube ir rasgando a rocha, mas o Douro que conhecemos hoje muito tem de humano na sua paisagem e história. Cada socalco, cada vinha, cada pedra alinhada tem as mãos de alguém na sua impressão e é dessas pessoas que faz uma região.”
Marta Nunes – Douro – O Poema Geológico e Humano, 2022
Entre os vales do rio Douro, junto à margem esquerda, na freguesia de Cambres, concelho de Lamego, em pleno coração da primeira demarcação pombalina da Região, encontra-se a Quinta da Pacheca, uma das mais prestigiadas e reconhecidas propriedades do Douro Região Demarcada.
A história da vinha nesta propriedade remonta ao século XVI, altura em que era uma colecção de vinhas pertencentes aos Mosteiros de Salzedas e de S. João de Tarouca, conforme referido num documento de 1551.
A propriedade é mencionada pela pela primeira vez em um documento datado de abril de 1738 onde é referido como “Pacheca”, uma forma feminina do sobrenome Pacheco por ser propriedade de uma senhora, Da. Mariana Pacheco Pereira, uma mulher imponente que cuidava sozinha do imóvel.
Um dos marcos pombalinos remanescentes que foi utilizado pela primeira vez em 1758 para delinear esta primeira Região Demarcada de Vinho no mundo pelo Marquês de Pombal, ainda se conserva no interior da Quinta da Pacheca, mesmo na entrada principal dos tradicionais tanques de pedra.
Essas marcas de pedra granítica foram declaradas propriedade de interesse nacional na década de 1940. Foi em 1903 que D. José Freire de Serpa Pimentel comprou a propriedade e deu início às obras de modernização da vinha e das estruturas entre as quais se encontram oito tanques de pedra de granito onde ainda se vinificam os vinhos tintos da Pacheca, resultando em limitadas produções anuais de especial. categorias Vinhos DOC Douro e Vinhos do Porto.
Com cerca de 75 hectares de vinhas próprias plantadas no Património Mundial da Humanidade, classificado pela UNESCO em 2001, a Quinta da Pacheca sempre esteve focada na produção de vinhos DOC do Douro e do Porto de qualidade e foi uma das primeiras na região a engarrafar Vinhos DOC sob marca própria.
Foi em 1977 que se iniciou a comercialização de vinhos DOC com as marcas Quinta da Pacheca e Quinta de Vale Abraão, vinhas que ainda hoje pertencem à Quinta da Pacheca, sob a liderança do pioneiro D. Eduardo Mendia Freire de Serpa Pimentel que foi o primeiro em Portugal a produzir vinhos brancos de Sauvignon Blanc, Riesling e Gewurztraminer. Hoje, a família Serpa Pimentel continua envolvida no projeto com a quarta geração da família.
Em 1995 a Quinta da Pacheca iniciou oficialmente o seu projecto de enoturismo abrindo as portas para visitas guiadas à propriedade e venda dos seus vinhos na loja da Quinta. O conceito foi desenvolvido ao longo dos anos com outras actividades de relevante interesse enoturístico e resultou na inauguração do The Wine House Hotel.
Quinta da Pacheca em 2009, explorando assim mais uma forma de negócio e contribuindo para alargar a oferta turística de uma forma Região cada vez mais procurada e reconhecida como destino de excelência.
Um novo ciclo começou em 2012, quando as famílias dinâmicas de Paulo Pereira e Maria do Céu Gonçalves, parceiros com uma longa e bem sucedida trajetória na distribuição internacional de comida e vinho, assumiram a posse do projeto.
O foco foi claro, valorizar a qualidade dos vinhos e dinamizar o enoturismo. Com a sua singularidade ímpar, a Quinta da Pacheca tornou-se numa das quintas mais visitadas da Região Demarcada do Douro e tem sido consecutivamente premiada no enoturismo, exemplo disso é a prestigiada distinção de Best of Wine Tourism nas várias modalidades, e nos seus famosos vinhos que vêm recebendo os mais distintos prémios.
Quinta da Pacheca está equipada com oito imponentes lagares onde, sob a orientação dos enólogos Maria Serpa Pimentel e João Silva e Sousa e do agrónomo Hugo Fonseca, são vinificados os tintos da Pacheca, fruto de produções anuais limitadas de Vinhos do Douro D.O.C. e Vinhos do Porto somente de categorias especiais.
Nos últimos anos tem diversificado o seu portefólio e a produção tem conhecido um incremento notável. Uma subida que se explica pela decisão de comprar quantidades significativas de uvas a outros produtores, e vinificá-las em centros de produção exteriores. Sem descurar o mercado português, o certo é que as exportações subiram em flecha e têm uma importância cada vez maior no volume de negócios e de vendas da Quinta da Pacheca. Brasil, China e Reino Unido são mercados preferenciais, mas também a França, país em que os proprietários têm relações comerciais privilegiadas.
Em 2009, a Quinta da Pacheca decidiu enveredar pelo enoturismo, explorando uma outra forma de negócio e contribuindo para alargar a oferta numa região que começava a ser cada vez mais procurada.
Inaugurou uma glamorosa unidade hoteleira, premiada duas vezes no concurso «Best of Wine Tourism», pela “Rede de Capitais de Grandes Vinhedos – Great Wine Capitals”, a única rede deste tipo que abarca os designados “Velho” e “Novo” mundo do vinho, tendo por objectivo a promoção dos intercâmbios turísticos, de educação e de negócios entre as internacionalmente conhecidas regiões vinícolas de Porto, Bilbao/Rioja, Bordéus, Cidade do Cabo, Christchurch/South Island, Florença), Mainz/Rheinhessen, Mendoza, São Francisco/Napa Valley e Valparaiso/Casablanca Valley.
Com um design moderno, mas harmoniosamente conjugado com a traça original de uma casa do século XVIII, o The Wine House Hotel da Quinta da Pacheca mantém vivo o espírito familiar da quinta.
Um espírito patente no mobiliário e no conforto proporcionado pelos 15 quartos únicos entre si, onde o vinho e a vinha são elementos sempre presentes. O restaurante serve os pratos típicos durienses, mas com o toque requintado das tendências gastronómicas mais modernas e cosmopolitas, pelas mãos do chef Carlos Pires.
Mais recentemente, foram inaugurados dez wine barrels, uma arrojada proposta de estadia em pipos gigantes, num projecto da autoria do arquitecto Henrique Pinto. Situam-se numa zona alta da propriedade e permitem uma vista deslumbrante sobre a vinha. No ano passado, num espaço contíguo à casa mãe nasceu uma nova ala do The Wine House Hotel, com mais 24 amplos quartos.
O edifício tem uma traça arquitetónica mais contemporânea, mas não deixa de manter um registo de continuidade com o edifício principal.
O reforço da oferta enoturística deu-se também com a inauguração de um elegante spa, equipado com circuito de águas, piscina interior, duche escocês e disponibilizando uma série de tratamentos terapêuticos tendentes ao bem-estar.
Uma piscina exterior convida a usufruir dos dias quentes de Verão da região, contemplando paisagens arrebatadoras e saboreando os vinhos únicos da casa servidos no bar de apoio.
Uma incursão pelo mundo da arte também é possível fazer na Quinta da Pacheca. Fonte de inspiração para tantos nomes grandes da cultura nacional, o Douro e os seus encantos são o mote para o visitante desenvolver os seus dotes artístico no Ateliê d’ Or, com o artista residente Óscar Rodrigues, desenvolvendo trabalhos na área da olaria, escultura ou pintura, onde se destacam as telas pintadas a winearella (pintura com vinho).
Provas explicadas e cursos de vinhos, ‘wine shop’, passeios, eventos, ‘workshops’ de cozinha e turismo ‘à la carte’, incluindo passeios de barco, de comboio, de helicóptero ou pedestres, são algumas das actividades disponibilizadas por esta unidade de enoturismo da Quinta da Pacheca.
Localizada no coração da Quinta da Pacheca está também a loja de vinhos ou wine shop, como é vulgarmente conhecida. Aqui é possível degustar todo o portfólio de vinhos, incluindo algumas raridades, como os Reservas, Vintage, ou outros produtos que a Quinta coloca no mercado, como doces ou azeite.
Fonte: Quinta da Pacheca e MSImpacto