Steve McCurry expõe mais de cem fotografias na Cordoaria Nacional
Já chegou a Lisboa a exposição internacional sobre uma das vozes mais icónicas da fotografia contemporânea dos últimos 30 anos. Icons reúne mais de uma centena de fotografias de grande formato, o que a torna numa das retrospetivas mais extensas e completas da carreira de Steve McCurry. Apesar do seu trabalho abranger conflitos, culturas em extinção, tradições antigas e cultura contemporânea, a verdade é que este mantém sempre como protagonista o elemento humano.
Depois de Paris e Madrid, esta viagem inédita pela inspiração, vida e obra de Steve McCurry chega agora a Lisboa. Aqui, vai ser possível apreciar mais de cem fotografias tiradas durante os seus 40 anos de carreira, bem como os seus trabalhos mais recentes. Em exposição está também, como não podia deixar de ser, a famosa fotografia da Rapariga Afegã (Sharbat Gula), cujo olhar cativou a atenção do mundo ao ser capa da célebre National Geographic, em 1985.
Sem percurso definido nem qualquer ordem cronológica, a exposição leva o visitante a deambular por entre imagens recolhidas em ambientes de guerra, em locais inóspitos ou até durante catástrofes naturais. Algumas duras, outras poéticas, as imagens, que permitem ver o mundo através da lente de McCurry, estão repletas de mensagens fortes e impactantes, às quais é impossível ficar indiferente. Com elas, o fotógrafo apenas pretende “documentar o mundo”.
“Gosto de fotografar simplesmente com base nas minhas capacidades de observação, e isto pode acontecer em qualquer lugar. Se confiarmos na observação, algo interessante acontecerá naturalmente”, avança o fotógrafo, enquanto realça a necessidade de “esperar”. “Esperar é o mais importante na fotografia”, diz. Exemplo disso é a fotografia que tirou a um alfaiate, na Índia (foto acima). Na época das monções, uma forte cheia destruiu diversos edifícios, nomeadamente a loja de um alfaiate local. O homem, na impossibilidade se salvar o espaço, tenta resgatar uma máquina de costura enquanto atravessa um mar de águas escuras.
Vida e carreira de Steve McCurry
“Quando trabalhava num pequeno jornal dos arredores de Filadélfia, na Pensilvânia, duvido que me tenha passado pela cabeça que acabaria a trabalhar numa revista como a National Geographic, que teria mais de uma dúzia de livros publicados e que passaria a vida a viajar para alguns dos lugares mais interessantes do planeta para fotografar alguns dos eventos mais importantes da nossa era”, avança o fotógrafo.
Atualmente com 72 anos, Steve McCurry reflete sobre a sua carreira: “foi uma trajetória incrível, uma vida incrível, e estou grato por ter decidido empreender esta viagem pela satisfação que me proporcionou. Poder ser testemunha de tudo o que vi, estar literalmente na primeira fila da história ensinou-se tanta coisa… Não imagino uma maneira melhor de viver do que viajar, fazer fotografias e ver este mundo incrível em que vivemos.”
McCurry é um fotógrafo norte-americano premiado e reconhecido internacionalmente, tendo sido agraciado com alguns dos prémios mais prestigiados da indústria fotográfica, incluindo a Medalha de Ouro Robert Capa ou o National Press Photographers Award.
Icons conta com curadoria de Biba Giacchetti, co-fundadora da agência Sudeste57, e pode ser visitada diariamente, na Cordoaria Nacional, até 23 de janeiro.