A programação deste ano das Noites de Verão foi desenvolvida pela Filho Único, com o contributo de Daniel Pinheiro e Fernando Fadigas, equipa de coordenação da pós-graduação em Arte Sonora: Processos Experimentais, da Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Endereçámos ao farO o desafio de apresentar uma maratona pré balnear do seu programa de “arte indigesta e artistas resistentes”. A criação gráfica do cartaz ficou a cargo de Márcio Matos.
Reunimos assim um conjunto diverso de criadores e praticantes de excepcional talento, incluindo músicos, compositores, DJs, artistas plásticos, colaborações de cruzamento de disciplinas artísticas. Na sua maioria as propostas arriscam modelos diferentes de abordagens, práticas e conhecimento em relação ao estabelecido e às fronteiras disciplinares, atravessando geografias e contextos.
Esperamos (por) experiências estéticas poderosas, mostrando outras maneiras de descrever o espaço, afastando-nos de princípios organizadores como “cidade” ou “global”, reconhecendo-o simultaneamente mais fragmentado e pluralista. O mesmo para a experiência do tempo, na moldura da precariedade que define a sociedade actual, que a tantos criativos independentes parece saber a viver um tempo emprestado, sem garantias, numa sobreposição de contextos como a desigualdade salarial, a crise climática, legados coloniais, mais ou menos acelerados, desregulados.
O programa das Noites de Verão acontece ao longo de Julho, todas as Quintas e Sexta-feiras, com concertos no Pátio da Cisterna das Belas Artes (Chiado) e Galerias Municipais – Galeria Quadrum (Alvalade), respectivamente. Aos Sábados a romaria é ao farO (porta esquerda da Igreja de Santa Isabel, em Campo de Ourique) para um programa de exposições com vídeo, performance e instalação.
No último Sábado celebramos no jardim do Goethe-Institut (Campo Mártires da Pátria) instalando um soundsystem de inspiração jamaicana e propondo uma seleção de Djs e um live à altura da ocasião.
As Noites de Verão 2024 são co-produzidas com a EGEAC, a Faculdade de Belas Artes de Lisboa, o farO, as Galerias Municipais de Lisboa, o Museu Nacional de Arte Contemporânea, a Casa da Música Jorge Peixinho e com o apoio da DGArtes, do Goethe-Institut de Lisboa, da Câmara Municipal de Lisboa, da SKOOLA, do Programa Ibermúsicas e da Acción Cultural Española (AC/E).
Mais informações em https://www.noitesdeverao.pt
Quinta-feira, 4 de Julho, 19h30
Pátio da Cisterna, FBAUL
Vasco Alves e as Rochas da Ajuda
DJ Marcelle
Resumo:
No evento de abertura, estreando o Pátio da Cisterna da Faculdade de Belas Artes de Lisboa, apresentaremos um concerto a 4 vozes – 4 gaitas – encomendado a Vasco Alves, que será acompanhado pelo grupo de gaitas de fole As Rochas da Ajuda.
Seguir-se-á a incomparável DJ Marcelle, holandesa arauta de seleções sem fronteiras ou preconceitos.
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Vasco Alves investiga a materialidade do som e a natureza dos fenómenos acústicos através da utilização de processos eletrónicos e acústicos instáveis. Estes incluem técnicas de síntese e amplificação, a gaita-de-fole ou instrumentos de sopro personalizados. Vasco é gaiteiro de bancada nos jogos do Clube de Futebol “Os Belenenses”, foi co-fundador da Associação Desportiva e Recreativa “O Relâmpago” e é também organizador da portaaaa.com, uma editora e promotora de concertos.
“Na sequência do trabalho essencialmente materialista e performativo que nos últimos anos tenho vindo a desenvolver para uma gaita de fole (em construção), apresento pela primeira vez um concerto a 4 vozes – 4 gaitas – adaptando e criando sobre as possibilidades da polifonia.
O concerto será composto por uma trama de pequenas peças (5-10min) que exploram diferentes aspectos do(s) instrumento(s): os seus limites físicos e a sua percepção auditiva, mas também o seu potencial acústico e performático.
As Rochas (de ar) da Ajuda são os amigos gaiteiros: André Pires, Kalee Rose Prendergast e Carlos Santos.”
https://vascoalves.info
DJ Marcelle é uma senhora de um estatuto quase mítico num mundo anódino e francamente saturado de DJs. A holandesa Marcelle Von Hoof tem já cravada uma postura bem sui generis ao djing, à rádio e à produção. Armada com três gira-discos e uma colecção inimaginável de vinil, Marcelle discorre nos seus sets, produções e programa de rádio um conhecimento aparentemente infindável e sem quaisquer barreiras, sejam elas temporais, geográficas ou sociais, potenciando os cruzamentos mais inusitados entre as diversas músicas, num acto com tanto de transgressor como de lúdico. Espécie de festa-colagem sonora a incitar à dança enquanto se alucina com todo o mundo de possibilidades em aberto.
https://www.anothernicemess.com
Sexta-feira, 5 de Julho, 19h30
Jardim das Galerias Municipais – Galeria Quadrum
Encontros de Música Nova com o GMCL e Henrique Apolinário, Maria Reis & Tomé Silva, Rafael Toral e XEXA
Resumo:
Apresentação em concerto das peças musicais produzidas na residência artística Encontros de Música Nova, na Casa da Música Jorge Peixinho, no Montijo, reunindo ao histórico Grupo de Música Contemporânea de Lisboa 3 e uma dupla de compositores nacionais: Henrique Apolinário, Maria Reis & Tomé Silva, Rafael Toral e XEXA.
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No seguimento do trabalho desenvolvido com o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa nas edições das Noites de Verão dos últimos 3 anos, e da aposta na regeneração da didáctica vanguardista do seu co-fundador Jorge Peixinho, a Filho Único convidou 3 compositores nacionais e uma dupla para uma colaboração artística com o Grupo. Henrique Apolinário, Maria Reis & Tomé Silva, Rafael Toral e XEXA empreendem com o Grupo uma residência artística na Casa da Música Jorge Peixinho, no Montijo, com o intuito de colocar em escrita a orquestração de peças musicais de sua autoria para a sua interpretação ao vivo pelo GMCL.
http://www.gmcl.pt
Henrique Apolinário
Músico, performer, sound engineer, diretor artístico, sonoplasta. Trabalha desde 2012 em interseções de expressões artísticas, com foco na música, performance e curadoria de eventos, interessa-se sobretudo na importância da fisicalidade em qualquer forma expressiva, estados profundos de consciência e subconsciência, e na improvisação como ferramente criativa e compositora. Estuda violino até aos 18 anos e depois Teatro na ESMAE, viveu e desenvolveu o seu trabalho no Porto até 2019, onde criou laços com diversos coletivos. Como artista sempre esteve ligado ao serviço educativo e à interação com grupos ou comunidades de vários tipos. Reside desde 2019 em Paradela do Rio, Montalegre, onde funda a associação cultural Acendalha, com focos de desenvolvimento artístico e musical em contexto rural. No presente foca-se sobretudo em criação artística, performance, e engenharia áudio. O seu trabalho sonoro é eclético, passando por sonoplastia para espectáculos transdisciplinares, live acts de música electrónica em pistas de dança em ebulição até direção de música de câmara experimental. Fundou e continua a trabalhar nos projectos a solo e em ensemble: Zancudo Berraco, Qir Alin, Ensemble Quiromático, Sirte, EM CHAME entre outros. Forma-se em 2021 como studio engineer na ARDA Academy, e tem também desenvolvido trabalho nessas funções.
https://youtu.be/Yx6lDK_R5Wo?feature=shared
Maria Reis e Tomé Silva
Maria Reis, Lisboa, 1993, música profissional, desde os 15 anos, compositora, produtora, guitarrista, cantora e co-fundadora da banda Pega Monstro, banda cuja discografia fez-se em parceria com a editora londrina Upset the Rhythm. A sua estreia a solo fez-se em 2017 com o primeiro EP “Maria” (Cafetra Records) e a partir desse momento que inicia a sua discografia anual com “Chove na Sala, Água nos Olhos” (2019,CR), “Flor Da Urtiga” (2020,CR) e “Benefício da Dúvida” (2021,CR). Paralelamente a isto, Maria tem também vindo a colaborar com nomes
como Sara Graça, Joana da Conceição, Gabriel Ferrandini, Miguel Abras ou Rudi Brito em concertos, apresentações artística multimedia , edição de música e de poesia.
Tomé Silva , Almada, 2001, é um músico e produtor musical português. Com trabalho presente na internet desde 2016, define-se tanto pelo que lança esporadicamente como por projetos de maior duração em editoras nacionais (Rotten Fresh, ANGEL), pelas colaborações em que participa (Bejaflor, Guilherme Rodrigues, Farpas, Maria Reis) e pela sua presença na Rádio Quântica e na plataforma Música Vulcânica.
Juntos fizeram a sua estreia colaborativa com o disco Maria Reis – Suspiro…(Cafetra Records 2024) e espera-se um futuro em parceria neste e noutros projectos.
https://youtu.be/3wQ9_71BoGQ?feature=shared
Rafael Toral
Rafael Toral (Lisboa, 1967) tem-se intrigado pelo potencial do som e pelas funções da música desde adolescente.
Enquanto músico, produtor e compositor esteve envolvido, em diferentes fases da sua vida, com as culturas de Rock, Ambient, Contemporânea, Electrónica e Jazz. No início dos anos 1990 criou uma síntese de Ambient e Rock, gravando álbuns aclamados internacionalmente como Wave Field (Drag City, 1995) ou Violence of Discovery and Calm of Acceptance (Touch, 2001) e tendo sido considerado pelo Chicago Reader “um dos guitarristas mais dotados e inovadores da década”. Nos anos 2000, com uma mudança radical lançou o “Space Program”, projecto em que ao longo de quinze anos desenvolveu uma abordagem à música electrónica enraizada no pós-free jazz, enfatizando o gesto físico e critérios humanos de decisão sobre fraseado, silêncio e swing. A música resultante, “melódica mas sem notas, rítmica mas sem batida, familiar mas estranha” foi descrita como “um tipo de músca electrónica muito mais visceral e emotiva que a dos seus pares cerebrais”.
Depois de dirigir várias formações, inaugura em 2016 a formação que dirigiu até 2023, o Space Quartet. Em 2018 entrou numa terceira fase em que retoma contacto com a guitarra, num renovado interesse pelas possibilidades sónicas da harmonia, e ambiciona uma nova síntese — conciliando alguns paradigmas contraditórios com que trabalhou anteriormente, abarcando mais passado e mais futuro e materializada pela primeira vez em Spectral Evolution.
Publicou mais de vinte álbuns em editoras de quatro continentes, entre os quais também se destacam Sound Mind Sound Body (Ananana, 1994), Space (Staubgold, 2006) e Freedom of Tomorrow (Clean Feed, 2022). Em variadas colaborações ou a solo tem-se apresentado ao vivo nos Estados Unidos, Europa, Japão e Austrália. Vive nas montanhas do centro de Portugal.
https://youtu.be/eoJ3vPqkz-w?feature=shared
XEXA
XEXA, com 23 anos, é uma artista multidisciplinar de ascendência São Tomense, sediada entre Lisboa e Londres. É licenciada em Música – Artes do Som, pela Guildhall School of Music and Drama, Londres.
A sua música reflete a exploração de sonoridades, fazendo híbrido de elementos da sua herança africana com sintetizadores, sound design e voz.
É produtora, compositora, sound designer e cantora que vem ilustrando uma nova linhagem e novos paradigmas de sons. XEXA trabalha com música e sonoplastia em diversos campos, tal como performances, instalação, visuals e moda. Lançou a sua primeira mixtape titulada Calendário Sonoro em 2022.
Vibrações de Prata é o seu álbum de estreia lançado pela Príncipe, editora lisboeta, em Outubro de 2023.
https://principediscos.bandcamp.com/album/vibrac-o-es-de-prata
Sábado, 6 de Julho, 22h00
farO
Connecticut Pappoose
Ernest Gusella
Projecção de uma ópera vídeo surrealista ciber-rural do calgariano octogenário. https://www.youtube.com/watch?v=MaPT0ugBDNY
Quinta-feira, 11 de Julho, 19h30
Pátio da Cisterna, FBAUL
HIFA
Living Room
Resumo:
Baixista em bbb hairdryer e nëss – e agora no trio da Maria Reis -, Francisco Couto desenvolve em HIFA a sua expressão individual em música electrónica, de dança, ambiental, em estudos texturais e narrativas de composição.
A Living Room é um coletivo de promotores de eventos, músicos e DJs baseado em Lisboa dedicado à música ambiente e experimental. Três dos quatro membros do colectivo – carolf & usof & asio – estreiam-se em formato live e trazem consigo sons atmosféricos, ambientes imersivos e percussões downtempo.
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HIFA
HIFA é Francisco Couto quando se encontra a sós. Enquanto em bbb hairdryer e nëss faz do baixo o seu objeto de trabalho colaborativo, é em frente ao computador que se encontra na sua totalidade. Já passou pelo ambient, o techno e outros ritmos 4/4, e recentemente texturas mais ligadas ao gabber e ao footwork, mas agora, em jeito catártico, prescinde dos ritmos e explora a ligação entre a linguagem eletrônica que constrói desde 2018 e o baixo distorcido que ultimamente tem preferido. A procura entre as pontes que ligam canções, o ruído, e o que ameniza. Uma tentativa de procurar e expor o lado emocional e vulnerável que esconde por detrás da frieza da música de dança.
https://hifa.bandcamp.com
Living Room
A Living Room – nascida em 2020 – é um coletivo de promotores de eventos e DJs baseado em Lisboa dedicado à música ambiente e experimental. Produzem concertos mensais na associação cultural Cosmos CAC (Campolide Atlético Clube), como também uma série bi semanal de mixtapes. Três dos quatro membros do colectivo – carolf & usof & asio – estreiam-se em formato live e trazem consigo sons atmosféricos, ambientes imersivos e percussões downtempo.
Asio otus cria composições electrónicas que se situam na fronteira entre a música ambiente e a música de dança, utilizando paisagens sonoras melódicas e um ecossistema diversificado de sons que o habitam. Lançou um pequeno número de EPs e álbuns, maioritariamente no seu bandcamp.
Usof é um músico lisboeta a empurrar a definição de “música ambiente” para um território cada vez mais convoluto. A sua discografia inclui “Wish You Were Nicer” via enmossed e Psychic Liberation (EUA), precedida por lançamentos nas suas editoras: a série “Selections 0, 1 e 2” na Rotten \ Fresh, e o EP “refresh” na surf. Tem ainda várias remisturas, gravações ao vivo, mixtapes e singles editados por toda a parte.
carolf é DJ entusiasta e militante da música ambient, elemento-chave do colectivo Living Room e host do programa de rádio ~ hush ~ na Rádio Paranóia (@radio__paranoia). Todas estas actividades e atributos fazem de carolf uma voz essencial de partilha de música inspiradora focada na escuta, nas texturas experimentais, nos ritmos e nos silêncios também.
https://www.instagram.com/living____room
Sexta-feira, 12 de Julho, 19h30
Jardim das Galerias Municipais – Galeria Quadrum
Aggressive Girls
Rắn Cạp Đuôi
Resumo:
Estreia em Portugal do colectivo vietnamita Rắn Cạp Đuôi que tem expandido odisseicamente o seu impulso e gesto artístico desde a sua formação em 2015. O grupo navega-se entre a cultura rave e o eco-futurismo, e lançou o mais recente disco ‘*1’ na Primavera.
Dakoi e Diana XL, as Agressive Girls, afiliaram-se num pacto de som e fúria como talvez nunca se tenha visto e ouvido por cá. Hardcore tuga digital e expressão transdisciplinar em vídeo, cenografia e figurinos originais.
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Aggressive Girls
Aggressive Girls são Dakoi e Diana XL; O seu álbum de estreia homónimo lançado no início deste ano foi criado pela necessidade de exteriorizar a sua luta, buscar a superação e a paz que precisam para viver após se terem encontrado em um momento difícil muito parecido de vida. Decidem gritar sobre a sua luta e não ter medo de se afirmarem sobre o que querem agora e daqui pra frente, sobre batidas fortes e expressão transdisciplinar em vídeo, cenografia e figurinos originais.
https://agressivegirls.bandcamp.com/album/agressive-girls-ep
Rắn Cạp Đuôi
O colectivo de música experimental vietnamita Rắn Cạp Đuôi tem expandido o seu vasto espectro auditivo desde a sua formação em 2015. O grupo alterna entre a música rave e o eco-futurismo, e avança em novos empreendimentos em ‘*1’, lançado esta primavera. O seu álbum maximalista aposta em colagens digitais rápidas que nos compelem a continuar dançando durante o apocalipse. As suas performances exuberantes e não convencionais, como o memorável Boiler Room de improvisação com três baterias, seguem o mesmo princípio.
https://www.youtube.com/watch?v=HnI-eQqbo4E
Sábado, 13 de Julho, 22h00
farO
K7 do K4
Texto de Almada Negreiros, musicado por Marta Ângela, Nu No e Tropa Macaca
Ensaio público da segunda gravação da versão inglesa de K4, o segredo do génio intransmissível de Almada Negreiros, pelos portadores da tatuagem do quadrado azul.
https://www.gutenberg.org/cache/epub/23133/pg23133-images.html
Quinta-feira, 18 de Julho, 19h30
Pátio da Cisterna, FBAUL
Inês Condeço & Pedro PMDS
Mbé + Lcuas Pires
Resumo:
Inês e Pedro conheceram-se na pós-graduação de “arte sonora: processos experimentais” e iniciaram trabalho colaborativo, estando a gravar um disco. Apostam num espectáculo sustentado na manipulação de tape, loops, voz, poesia e ruído.
Nascido e criado na favela da Rocinha, Mbé, e parceiro Lcuas Pires, atravessam o Atlântico para nos trazerem uma música translúcida e comovente, com particular apreço pelo uso de gravações de campo e o poder identitário da colagem como linguagem artesanal.
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Inês Condeço & Pedro PMDS
Este projeto surge em Setembro de 2023, resultante de um encontro feliz. Foi na Pós-Graduação em Arte Sonora: Processos Experimentais na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa que se conheceram e imediatamente encontraram pontos em comum que decidiram explorar e fundir. Inês é pianista mas não utiliza piano neste espectáculo, explorando assim com mais intensidade a voz e o sintetizador e Pedro deixa de lado as electrónicas mais complexas. Embarcam num espetáculo baseado na manipulação de tape, loops, voz, poesia, feedbacks e noise, num universo virado do avesso mas que no final soa estranhamente familiar. A poesia é do Boris e a performance desenrola-se a partir desse texto sobre a existência. Alterna entre vários estados de espírito, entre a palavra falada e voz cantada, entre ruído e melodias etéreas. O duo tem-se apresentado ao vivo em vários locais e planeia lançar um álbum no decorrer do ano 2024.
Inês Condeço iniciou os seus estudos musicais em Leiria e licenciou-se em Música (Piano – Música Clássica) na Universidade de Évora. Tem explorado extensamente o piano, electrónica e manipulação da voz, convergindo vários géneros musicais numa linguagem própria, tendo já lançado, no início de 2024, o seu primeiro álbum a solo “Lacuna”.
https://inescondeco.bandcamp.com/album/lacuna
Pedro “PMDS” Sousa tem construído o seu percurso musical no projecto PMDS, num universo onde o processo electrónico resulta num som orgânico, etéreo e cinemático. Tem feito concertos um pouco por todo o país e estrangeiro.
https://youtu.be/aLcxTszEoss?feature=shared
Mbé + Lcuas Pires
Nascido e criado na favela da Rocinha, Mbé (palavra yorubá que significa “existir”) é o nome do projeto solo de Luan Correia: músico, produtor e engenheiro de som ligado à cena da música experimental carioca.
A sua música translúcida e comovente, com particular apreço pelo uso de gravações de campo e o poder identitário da colagem como linguagem artesanal, revelou uma voz importante da expressão artística negra independente no Brasil. O seu primeiro álbum “ROCINHA” foi lançado em março de 2021 pela editora QTV e conta com participações de Juçara Marçal, Luizinho do Jêje, José Mekler, entre outros. Estreia nacional fazendo-se acompanhar do cúmplice Lcuas Pires em palco.
https://www.youtube.com/watch?v=Gw3RCQXm6ZI&t=1316s
Este concerto conta com o apoio do Programa de Cooperação Ibero-Americana Ibermúsicas.
Sexta-feira, 19 de Julho, 19h30
Jardim das Galerias Municipais – Galeria Quadrum
No Home
Poor Boys
Resumo:
Duas estreias nacionais ´*`´*` No Home é Charlotte Valentine, punk pan-estilística em permanente busca e actualização sobre quem é e quem quer ser, visita-nos de Londres para uma performance imprevisível.
Os Poor Boys formaram-se em Nova Orleães para fiar-se no tecido parisiense cooperativista fora de horas, carnaval de ritmo e electricidade que não sabíamos que precisávamos.
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No Home
No Home é a artista londrina Charlotte Valentine, que faz música há quase uma década. Descrita como uma “produtora punk” e “artista experimental DIY” pela Wire Magazine, o seu primeiro álbum “Fucking Hell”, uma mistura de noise rock e pop, foi lançado em junho de 2020 e foi nomeado um dos “The 35 Best Rock Albums of 2020” pela Pitchfork. O seu segundo e mais recente álbum, “Young Professional”, foi lançado em novembro de 2022. Colaboraram com artistas como SASAMI e Maria BC e tocaram com artistas como Moor Mother e Big Joanie. O seu trabalho tem sido mencionado na Crack Magazine, NPR e The Wire, entre outros.
https://nohome.bandcamp.com/album/young-professional
Poor Boys
Depois de se terem cruzado em Nova Orleães durante as respectivas residências na Villa Albertine, TISS e NSDOS embarcaram num excitante projeto de colaboração musical. Esta dupla atípica, composta por um baterista e um produtor de música eletrónica e dançarino, começou também um evento chamado “Poor Boys”, primeiro no Baiser Salé em Paris e, devido ao seu sucesso, agora no La Boule Noire; um nome emprestado do famoso clube localizado na Saint-Bernard Street em Nova Orleães, um ponto de encontro regular para TISS e NSDOS durante as suas estadias na cidade.
A sua música é uma exploração cativante baseada na improvisação, onde os ritmos moldados pelo homem se fundem harmoniosamente com os gerados pelas máquinas. Ao combinar a percussão orgânica de TISS e a perícia eletrónica de NSDOS, a dupla cria música que transcende fronteiras e convenções, reflectindo claramente a influência da cena Techno de Detroit, da música afro-caribenha, bem como das tendências britânicas ou mesmo do Afrobeat.
Esta colaboração representa também um tributo vibrante ao património, à criatividade transbordante e à alma musical de Nova Orleães.
https://youtu.be/J64HITbi2KE?feature=shared
Sábado, 20 de Julho, 22h00
farO
DreamFM
Gravações de Constance de Jong, Pati Hill e Delia Derbyshire Desenhos animados e um “Argentino no Deserto” de René Bertholo
Makina de sonhos de 3 sistemas e 2 quartos de anos-luz ornamental de intervalo galáctico.
https://sirr-ecords.bandcamp.com/album/um-argentino-no-deserto
Quinta-feira, 25 de Julho, 19h30
Pátio da Cisterna, FBAUL
Guilherme Curado
Gustavo Costa
Resumo:
Guilherme Curado trabalha entre meios, cruzando vídeo e som com 3D, construindo paisagens utópicas virtuais. Mais um criador talentoso proposto pela coordenação da pós-graduação de “arte sonora: processos experimentais” da FBAUL. Gustavo Costa é um músico jubilado no underground internacional – intersectando com o trilho na academia. Co-mentor da Sonoscopia, o compositor e percussionista Portuense, no activo há mais de 3 décadas, lançou este ano o fantástico “Natura Mimesis”.
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Guilherme Curado
Guilherme Curado trabalha entre meios, cruzando vídeo e som com 3D, construindo paisagens utópicas virtuais. A imaterialidade, a fluidez, as reflexões, em diálogo com o corpo e a identidade, servem de ponto de partida para a reflexão sobre a
experiência contemporânea. Na sua prática sonora, concentra-se na criação de ambientes oníricos, utilizando- os como ferramentas para escape da realidade. Guilherme Curado é melancólico. Amor sem Fronteiras. É o mais ínfimo acidente, o imaginar que há outro nascer do sol.
https://guilhermecurado.bandcamp.com/album/for-better-times
Gustavo Costa
Nascido no Porto, em 1976, o seu percurso caracteriza-se por uma constante permeabilidade a vários estilos musicais, mas com um denominador comum: a experimentação e o constante desejo de renovação estilística. Ativo na cena underground desde o início dos anos 90, manteve um interesse e atividade paralela no meio académico, estudando percussão, tecnologias musicais, sonologia, teoria, composição e media digitais, e lecionando em várias instituições de ensino superior em Portugal. Num período de 30 anos, fez parte de inúmeras bandas e formações de vários espectros estilísticos, colaborando com centenas de músicos em inúmeros espetáculos distribuídos por vários pontos do globo. Nos últimos anos tem concentrado grande parte da sua atividade na Sonoscopia, coletivo e associação da qual é fundador e onde se dedica à exploração sónica através de vários formatos de criação e colaboração.
Após o seu primeiro disco de percussão a solo, “Entropies and Mimetic Patterns”, lançado em 2020, em “Natura Mimesis” as técnicas de composição originais, maioritariamente baseadas em transcrições musicais de fenómenos naturais, são agora aplicadas a um espectro orquestral mais vasto, com a inclusão de três músicos convidados cujas formações vão da música contemporânea à improvisação livre. Clara Saleiro, na flauta, e João Dias na percussão têm sido colaboradores regulares em diversos projetos, e a violinista Biliana Voutchkova é amplamente conhecida pelo seu envolvimento no panorama da música experimental europeia. “Natura Mimesis” foi construído em torno de pequenos motivos desenvolvidos em sessões de gravação com estes três músicos convidados, e posteriormente compostos por Gustavo Costa no seu estúdio, com ligeiros arranjos do material original, processamento de áudio e contraponto eletrónico. Tal como em muitas das composições de Costa, “Natura Mimesis” é uma reflexão introspetiva do mundo, onde o som é o gatilho para uma interpretação abstrata e individual.
https://sonoscopia.bandcamp.com/album/natura-mimesis
Sexta-feira, 26 de Julho, 19h30
Jardim das Galerias Municipais – Galeria Quadrum
Lebrija por Corraleras
Resumo:
Na derradeira sessão no jardim da Quadrum apresentamos o grupo de Corraleras que mantém vivo um cante e uma cultura específica de sevilhanas da terra de Lebrija, na Baixa Andaluzia.
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Lebrija por Corraleras
O grupo Lebrija por Corraleras trazer-nos-ão a sua música de baile, dínamo de seguidillas vernaculares e palmas, pandeiretas, almofariz, ânfora, voz e dança, ao jardim da Quadrum.
As Corraleras de Lebrija refere-se a uma tradição de sororidade que celebra um cante e uma cultura específica de sevilhanas da terra de Lebrija, na Baixa Andaluzia. Outrora encarado como uma espécie de rádio local, expressão e transmissão das coisas da vida nos pátios partilhados entre vizinhas – “corralas” e “corraleras” –, são as protagonistas da festa pagã Cruces de Mayo que gloriosamente resiste e toma conta do pueblo no início de Maio.
https://youtu.be/046fuqMVWzc?feature=shared
Sábado, 27 de Julho, 16h00 – 20h00
Jardim do Goethe-Institut Lisboa
CRYSTALMESS
SoundPreta
Tikiman & Richard Akingbehin
Resumo:
Propomos uma matinée de vibração positiva, amplificada no soundsystem da Modulartech instalado no jardim pra ocasião, com DJs sets de SoundPreta, CRYSTALMESS e o live do lendário vocalista dub techno Paul St. Hilaire aka Tikiman, servido pelo DJ Richard Akingbehin.
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CRYSTALMESS
Crystallmess é uma produtora e artista francesa cuja música se destaca imediatamente pela sua sensação abrasiva de pista de dança. O seu impressionante EP de estreia, “MERE NOISES”, foi reconhecido por Kode9, VTSS e Split da editora PAN. Performer e artista multifacetada, Crystallmess foi curadora do Boiler Room, Nova Mix, jornalista na Vice e residente da rádio NTS. No mundo da arte contemporânea, tem sido programada para performances na Lafayette Anticipation, no Centro George Pompidou, vai ter a sua primeira exposição na Tramway, uma galeria em Glasgow e recentemente deu uma palestra em Harvard. No mundo da moda, está também muito presente; depois de ter sido musa e membro do coletivo em torno da marca TELFAR, cria as bandas sonoras para os desfiles da Marni e da Nike. Os seus sets de DJ são intransigentes, variando do rap hardcore ao footwork, e é regularmente programada em clubes e festivais internacionais de referência (Berghain, Dekmantel, primavera, Terraforma, Dour ou CTM festival). A sua devoção à música clubbing e a sua natureza multifacetada fazem de Crystallmess uma força imparável a ter em conta.
https://youtu.be/8hKnsMfQwVQ?feature=shared
SoundPreta
A pesquisa sonora de SoundPreta começou em 2016 no Brasil, lugar de onde vêm suas inspirações musicais. Este projeto começou em 2019 quando Lola já vivia em Portugal, desde então Soundpreta atravessou muitas fronteiras para chegar a pistas de dança, palcos, festas e espectáculos em cidades como Porto, Lisboa, Paris, Berlim e Ponta Delgada.
Na sua pesquisa sonora tem-se focado em beats mais urbanos e actuais como o Trap, Grime e Drill, bem como o Funk Brasileiro e outras sonoridades electrónicas como o Miami Bass, Footwork e Jersey Club.
Como produtora, assina QUENGA, um evento urbano que pesquisa novas tendências sonoras e celebra e privilegia corpos Quyr e BIPOC, e Making Love, uma festa de R&B, neo soul, Lo-fi Trap e outras sonoridades cremosas.
https://www.mixcloud.com/SoundPreta/
Tikiman & Richard Akingbehin
O lendário vocalista e produtor de dub techno Paul St. Hilaire, também conhecido como Tikiman, é um dos criadores do género, cantando em discos clássicos com Rhythm & Sound, Vainqueur e outros. Desde então, tem colaborado com nomes como Scion, Larry Heard, L.B Dub Corp e Deadbeat, e lançou um álbum a solo há já muito tempo aguardado em 2023. St. Hilaire actua em conjunto com Richard Akingbehin, co-fundador da rádio Refuge Worldwide e editor na da Kynant Records, que lançou o álbum Tikiman Vol.1.
https://www.youtube.com/watch?v=lh4bbl6kW84
Sábado, 27 de Julho, 22h00
farO
Boredom Loop
Vídeos de Animal Charm, David Askevold, Catherine Biocca, Bill Etra, Louise Ledeen, Amy Lockhart, Copper Giloth, Ernest Gusella, Miguel Soares
Um programa para um ecrã e um público sentado, construído a partir de um jogo de permutações e recorrências obsessivas.
Introduzido por Maria João Falcão.
Fonte:filhounico.com