Para isso, Delbono convoca, para além da sua trupe habitual de artistas recrutados às margens da sociedade (para os mais familiarizados com o teatro do italiano, será notada a falta do malogrado Bobò, ator microcéfalo e surdo-mudo que acompanhava o encenador desde os anos 1990), a cantora angolana Aline Frazão, o fadista Miguel Ramos e o músico e compositor Pedro Joia (a cenografia é também portuguesa, assinada por Joana Villaverde).
Ao caráter confessional, profundamente biográfico, que caracteriza o teatro do italiano, falar de amor nunca seria possível sem as palavras dos poetas, destacando-se os da lusofonia, como Sophia de Mello Breyner Andresen, Carlos Drummond de Andrade ou o cabo-verdiano Daniel Filipe. E, como no verso de Eugénio de Andrade (que o espetáculo especialmente enfatiza), no Amore de Delbono “o amor é uma ave a tremer nas mãos de uma criança.”
texto de Frederico Bernardino/Agenda Cultural de Lisboa, edição de novembro de 2022
Espetáculo falado em italiano e português, com legendas em português e inglês.
“Pippo, Lisboa, Amor” – Conversa com Pippo Delbono, a propósito da criação do espetáculo, a 10 de novembro, às 21h30 (entrada livre).