A passagem do tempo com a estreia de Vortex, de Gaspar Noé.

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Uma visão profundamente humanizada da passagem do tempo, com Dario Argento e Françoise Lebrun, marca a obra mais bela e tocante do “enfant terrible” Gaspar Noé.

Um drama sensível interpretado por duas lendas do mundo do cinema, o realizador italiano Dario Argento e a actriz Françoise Lebrun, é considerado o filme mais belo de Gaspar Noé. O cineasta brinda-nos com uma perspectiva introspectiva da vida, do tempo e das nossas ações neste filme que segue a linha de obras como “Amour” de Michael Haneke, ou “O Filho” de Florian Zeller.

“A vida é uma festa curta que rapidamente será esquecida.” Foi com esta descrição que “Vortex” se apresentou no Festival de Cannes.

Uma obra de contornos assombrosos e cortantes, leva-nos aos últimos dias de um casal de idosos, confrontando-nos com a inevitabilidade de todas as coisas.

Em “Vortex”, Noé abandona a provocação e a explicitação de filmes como “Amor”, “Irreversível” e “Clímax” em favor de um drama doloroso sobre o declínio de um casal de idosos, ela com demência e ele com um problema coronário complicado. Já fiz filmes que deixaram os espectadores assustados, excitados ou a rir, diz o realizador: Desta vez, queria fazê-los chorar tanto como eu, tanto na vida como no cinema.

Este é o filme mais pessoal e acessível de Gaspar Noé até à data. O argumento, 10 páginas conceptuais que foram desenvolvidas no próprio cenário, foi inspirado nas próprias experiências do realizador. A minha mãe morreu nos meus braços e, quando isso nos acontece, a nossa perceção do que é real muda um pouco, diz Noé: Além disso, no início de 2020 sofri uma hemorragia cerebral grave com 10% de hipóteses de sobrevivência. Mas aqui estou eu.

Desta forma, “Vortex” reflecte sobre a velhice e a demência, num filme em que o realizador aborda a solidão e o vazio da vida com um realismo meticuloso. O filme teve a sua estreia mundial no Festival de Cannes e, em setembro do ano passado, ganhou o prémio de melhor filme na secção Zabaltegi-Tabakalera do Festival de San Sebastian.

 

Fonte: Filmin

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