A FLOR DO BURITI

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A FLOR DO BURITI será exibido mundialmente, pela primeira vez, na Seleção oficial do Festival de Cannes – Un Certain Regard e a sua estreia nas salas portuguesas está marcada para 14 de Março de 2024 pela distribuidora Desforra Apache. 

Continuando com os Krahô, depois de Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos, também distribuído pela Desforra Apache, em 2018, o filme traz um dos temas mais urgentes da atualidade: a luta dos Krahô pela terra e as diferentes formas de resistência implementadas pela comunidade da aldeia Pedra Branca, situada na região Tocantins no Brasil.

O filme inicia-se em 1940, onde duas crianças do povo indígena Krahô encontram na escuridão da floresta um boi perigosamente perto da sua aldeia. Era o prenúncio de um violento massacre, perpetuado pelos fazendeiros da região. Em 1969, durante a Ditadura Militar, o Estado Brasileiro incita muitos dos sobreviventes a integrarem uma unidade militar. Hoje, diante de velhas e novas ameaças, os Krahô seguem caminhando sobre a sua terra sangrada, reinventando diariamente as infinitas formas de resistência.

A Flor do Buriti  foi filmado durante quinze meses, em película 16mm, dentro da Terra Indígena Kraholândia. Assim como em Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos, a equipa era muito reduzida e era dividida entre indígenas e não indígenas. Relatos históricos baseados em conversas e a realidade atual da comunidade serviram de base para a construção da narrativa do filme.

A seleção do filme para o Festival de Cannes mostra que o mundo está atento na questões dos povos originários no Brasil. “A importância dos povos originários não reside apenas no conhecimento ancestral, mas também na elaboração de tecnologias totalmente sofisticadas de defesa da terra. Os Krahô estão radicalmente na contemporaneidade. O Festival também será importante como lugar para se formar novas alianças, e usar a sua capacidade de sedução cultural para que possam ser reativadas no futuro. De facto, o bolsonarismo foi um verdadeiro massacre, tanto na destruição dos povos e os seus direitos, como da terra. Agora, o que acontece é uma contra-ofensiva muito mais bela e forte que também tentamos filmar. O mundo está atento aos Krahô. É muito bom para nós, cineastas e aliados, ver o lugar que o filme pode ocupar.”, ressalta João Salaviza.

O filme será agora exibido pela primeira vez no Festival de Cannes, entre 16 e 27 de maio. Em 2018, a dupla João Salaviza e Renée Nader Messora, recebeu o Prémio Especial do Júri com o Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos, sendo até hoje o único filme português premiado no Un Certain Regard.

Desforra Apache é uma distribuidora independente de filmes que desenvolve um trabalho de proximidade na distribuição de filmes de autor. Criada em 2018, para distribuir o catálogo da O Som e a Fúria, tem uma equipa dedicada que trabalha cada obra como um filme único, com o objectivo de dar visibilidade ao cinema de autor. O seu catálogo conta com filmes como ZamaChuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos, Diários de Otsoga, Hotel Império, O Filme do Bruno Aleixo, entre outros. 

Sobre João Salaviza 
João Salaviza (1984) estudou Cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema em Lisboa e na Universidad del Cine de Buenos Aires. A sua primeira curta-metragem ARENA foi premiada com a Palma de Ouro em Cannes (2009), seguindo-se o Urso de Ouro de Curtas- Metragens na Berlinale para RAFA (2012). Lançou também na Competição Oficial da Berlinale, as curtas ALTAS CIDADES DE OSSADAS (2017) e RUSSA (2018, co-realizado com Ricardo Alves Jr). A sua primeira longa-metragem, MONTANHA, teve a sua estreia mundial no Festival de Veneza (Semana da Crítica) em 2015. Desde então, vive entre Portugal e o Brasil, junto do povo indígena Krahô. Em 2018 estreou CHUVA É CANTORIA NA ALDEIA DOS MORTOS (co-realizado com Renée Nader Messora) no Festival de Cannes, recebendo o Prémio Especial do Júri – Un Certain Regard. O filme foi lançado comercialmente em vários países, destacando-se França onde foi visto por 45.000 espectadores.

Sobre Renée Nader Messora
Graduada em Cinematografia pela Universidad del Cine, em Buenos Aires. Por 15 anos, trabalhou como assistente de realização em diversos projetos no Brasil, Argentina e Portugal, entre eles MONTANHA, primeira longa-metragem de João Salaviza. Fotografou a curta-metragem POHÍ (2010), através da qual conhece o povo Krahô. Desde então, trabalha com a comunidade, contribuindo na organização de um coletivo de jovens cinegrafistas que utilizam o cinema como ferramenta para o fortalecimento da identidade cultural e a autodeterminação. Em 2017 fotografou a curta-metragem RUSSA, realizado por João Salaviza e Ricardo Alves Jr. que estreou na Competição Oficial da Berlinale 2018. Também em 2018 estreou a sua primeira longa-metragem, CHUVA É CANTORIA NA ALDEIA DOS MORTOS (co-realizada com João Salaviza) no Festival de Cannes, recebendo o Prémio Especial do Júri – Un Certain Regard. O filme estreou comercialmente em vários países, destacando-se França onde foi visto por 45.000 espectadores.

Ficha Técnica
Realização: João Salaviza, Renée Nader Messora
Argumento: João Salaviza, Renée Nader Messora, Ilda Patpro Krahô, Francisco Hyjnõ Krahô, Ihjãc Henrique Krahô
Produção: Ricardo Alves Jr. Julia Alves
Elenco: Ilda Patpro Krahô, Francisco Hyjnõ Krahô,
Direção de Fotografia: Renée Nader Messora
Direção de Arte: Ángeles Frinchaboy, Ilda Patpro Krahô
Som Direto: Diogo Goltara
Desenho de Som: Pablo Lamar
Montagem: Edgar Feldman
Género: Ficção
País: Brasil, Portugal
Ano: 2023
Duração: 124 min

O filme é produzido pela Karõ Filmes sendo uma Co-produção Portugal / Brasil – com apoio do ICA, RTP e ANCINE.

Fonte: osomeafuria.com

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