Índio Rei: ‘Embaixador’ do Dão na comunidade índia do Brasil

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O Índio Rei é a segunda marca da empresa Amora Brava, sedeada em Viseu. O vinho Índio Rei DOP Dão 2014 teve a sua apresentação oficial no passado mês de Novembro em Curitiba, no Brasil, na inauguração do novo espaço do Museu de Arte Indígena (MAI), onde é o vinho oficial. O museu mostra o espólio particular de Julianna Podolan Martins, nas suas pesquisas junto das comunidades indígenas do Brasil.

A nova marca resultou da inspiração de Susana Abreu, CEO da Amora Brava, quando contemplava o painel do antigo retábulo da Capela-Mor da Sé Catedral de Viseu, no Museu Nacional de Grão Vasco, e olhou para o quadro de Vasco Fernandes (Grão Vasco) sobre a adoração do Menino Jesus pelos Reis Magos, onde estava também o rei índio. “Foi ao percorrer os dois espaços culturais mais emblemáticos da cidade de Viseu, que são a Sé Catedral e o MNGV, que encontrei a inspiração para este novo projecto”, diz Susana Abreu.

Tal como Grão Vasco pintou um indígena sem nunca o ter visto (o quadro terá sido pintado entre 1501 e 1506, logo após a descoberta do Brasil), também o enólogo Carlos Silva teve a responsabilidade de dar vida ao Índio Rei, um vinho com força e bravura. “Foi um desafio fazer um vinho do Dão com uma personalidade própria, que expressa a natureza autóctone, com grande recorte, firmes taninos e corpo aveludado, com notas de cereja, cacau, madeira exótica, incenso e fumo ligeiro”, explica o enólogo.

A apresentação em Curitiba redundou num êxito, que deixou a directora do MAI entusiasmada. “Esta parceria é extremamente importante e tão inusitada quanto o MAI ou uma marca de vinho com um nome indígena”, salienta Julianna Martins, que destaca o Índio Rei como “uma inovação em termos de conceito”, mas também “uma forma de trazer para o Brasil um vinho que conta a história de uma obra de um pintor português, que está exposta no Museu Nacional de Grão Vasco, e que nós desconhecíamos”.

Apresentação no Museu Nacional de Grão Vasco

O Museu Nacional de Grão Vasco, em Viseu, recebeu o último capítulo da ‘obra’ Índio Rei. O vinho foi dado a conhecer em Portugal e voltou a receber rasgados elogios. O Índio Rei Dão DOP 2014 está agora disponível para os apreciadores e o êxito das duas apresentações deixa Susana Abreu confiante no futuro. “Não esperava todo este sucesso, mas acreditava que era possível e que vai ser ainda maior. Estou num ‘barco’, no meio do Atlântico entre o Brasil e Portugal. Para mim e para o Carlos Silva (marido) é uma surpresa muito agradável. É um projecto muito bonito e tem havido algumas propostas de colaboração e reuniões com alguns organismos para falarmos deste projecto”, afirmou a CEO da Amora Brava.

Se a apresentação do vinho em Viseu foi um acto bastante participado, que deixou Susana Abreu emocionada, no Brasil tudo foi diferente. “Tenho que assumir que a apresentação em Curitiba foi surpreendente e diferente daquilo a que estamos habituados por cá, desde as pessoas presentes até ao enquadramento do evento. Ambas foram muito bem frequentadas, com pessoas interessadas em conhecer o novo vinho”. Contudo, acrescenta Susana Abreu, “a forma como os brasileiros encaram este tipo de eventos, se vestem e se comportam é muito especial. Por outro lado, as pessoas em Portugal são mais sóbrias, como se viu no evento do Museu Nacional Grão Vasco. Diria que ambos os eventos correram muito bem, com pessoas interessadas em apreciar um vinho novo, certamente diferente. Porém, pelo envolvimento, o evento no Brasil foi mágico”.

O Índio Rei é o vinho oficial de dois museus, o MAI e o MNGV. “Há relativamente pouco tempo tivemos o primeiro vinho Dão Nobre, mas esta é uma nobreza de outro tipo”. “Efectivamente sinto-me como uma embaixadora da cultura portuguesa e do vinho do Dão em dois países”.

O Psique – o primeiro vinho da Amora Brava – e o Índio Rei são duas marcas inspiradas em obras de dois museus. Susana vai continuar a inspirar-se na cultura e nos museus, sejam eles nacionais ou internacionais. “O nosso primeiro vinho, o Psique, inspirado na belíssima escultura de Eros e Psique, de António Canova, exposta no Louvre, nasceu num momento especial e teve uma apresentação mais sóbria, também no MNGV, ao lado de quadro do mesmo tema de Domingos Sequeira. A grandiosidade da obra de Vasco Fernandes ajudou à ligação ao Brasil. Acredito que mais adiante o Psique vai dar que falar”, aponta a produtora. Aliás, este vinho foi dado a degustar no Dia dos Namorados, entre literatura sobre o tema e chocolate da maravilhosa chocolataria Equador, na Livraria Lello, no Porto.

Até agora a Amora Brava só tem vinhos tintos, mas para breve deverão surgir brancos e rosés. A gama Psique, diz Susana Abreu, “estará sempre associada à cor do amor, portanto, além de um vinho tinto surgirá um rosé e, daqui a algum tempo, um vinho de maior idade, diria um amor adulto. No que respeita ao Índio Rei, os vinhos brancos vão chegar. Pensamos que esta vai ser a nossa marca porta-bandeira e terá desde monovarietais a vinhos de lote, brancos, tintos e rosés”.

Carlos Silva é o companheiro de lide de Susana, o homem que dá corpo aos ‘sonhos vínicos’ da esposa. Consultor em mais de três dezenas de produtores, percebe-se que o Psique e o Índio Rei são ‘filhos especiais’. “Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o Carlos é uma pessoa muito sóbria e discreta, por isso, ele teria isto guardado para quando os vinhos fossem dele e é o que está e vai continuar a acontecer”, refere Susana Abreu.

 

José Luís Araújo

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