São onze horas da manhã quando chegamos à entrada do prédio onde vive com a sua mulher o “avô dos dinossáurios”, que é como quem diz António Marcos Galopim de Carvalho, o mais conhecido geólogo português. O porteiro, tez negra, cabelo esbranquiçado e andar cansado de uma vida de sobe-e-desce, pergunta com sorriso aberto:
– Vão para onde?
– Conversar com o Professor Galopim de Carvalho.
– Ui! Gente boa. Muito boa. Ele e a sua senhora. Gente muito boa. – reafirma enquanto se afasta para nos dar passagem para um elevador exíguo que nos transportará à casa do homem que pôs o país a falar de dinossáurios muito antes de Steven Spielberg assustar o mundo com o seu Parque Jurássico.
O andar, junto à Avenida Infante Santo no coração de Lisboa, está recheado de memórias de uma vida dedicada às ciências e à família.
Estes são os meus filhos – Informa-nos com orgulho, enquanto nos acompanha pela casa ao sabor das recordações que vão assumando à memória ao ritmo dos muitos quadros, livros e retratos com que nos vamos cruzando. Aos 87 anos, o “professor dos afectos” (não confundir com o “Presidente dos afectos”!) continua a cativar. Olhar sincero e penetrante, fala com a sinceridade que os anos de dedicação desinteressada ao seu país lhe permitem e corta a direito, indiferente a polémicas ou melindres pessoais. Galopim de Carvalho é um comunicador nato e as mais de duas horas que durará a nossa conversa são prova disso mesmo.
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